Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Bem-estar. Portugal a meio da tabela nos países mais caros
Os portugueses são os mais pobres da Zona Euro. O poder de compra é 82% da média
Pelo terceiro ano consecutivo os portugueses perderam poder de compra em 2007, são os mais "pobres" da Zona Euro e, de acordo com dados ontem divulgados pela Comissão Europeia, Portugal é um dos países da Europa mais caros para viver, ocupando o 18º lugar no ranking das nações com os preços mais elevados, entre uma lista de 37 países. Contas feitas, ainda assim, os preços junto do consumidor são 16% mais baixos do que a média da União Europeia a 27.
Há três anos que Portugal mantém o nível de preços da alimentação (e serviços) face à média da UE 27, ao mesmo tempo que os portugueses perdem poder de compra. Ou seja, medido com base nos gastos efectuados pelas famílias em bens e serviços (consumo), o poder de compra é apenas 82% da média da União Europeia a 27 (tendo em consideração o PIB per capita é de 76%) enquanto os preços são apenas 16% mais baixos. Isto significa que o nível de vida dos portugueses é dos mais baixos da Zona Euro.
O país com os preços ao consumidor mais baixos (na UE27) é a Bulgária. O custo para a bolsa doméstica dos alimentos e serviços representam 41% da média europeia (UE27), sendo o poder de compra da família búlgara de apenas 40% da média da União europeia. No continente europeu há um país ainda mais barato: a República da Macedónia, onde os níveis de preços são, em média, 38% dos praticados na UE.
Do outro lado da tabela do poder de compra está a Dinamarca. Apesar de os preços nas lojas e nos serviços estarem 43% acima da média da União - o que significa uma carestia de cerca de 60% superior a Portugal -, o poder de compra dos dinamarqueses está 12% acima da média da UE 27.
Os mais ricos cidadãos da Europa são os luxemburgueses, a beneficiarem de uma economia baseada essencialmente em serviços (banca e instituições financeiras). O poder de compra no Grão-Ducado do Lu- xemburgo estava (em 2007) cerca de 47% acima da média e, mesmo assim, estão mais "pobres". É que perderam quatro pontos percentuais em relação a 2005. Mas também, diga-se, os preços nas lojas são 24% superiores à média da UE.
As disparidades de preços - e nível de vida - na União Europeia é enorme. Por exemplo, os preços ao consumidor na Dinamarca são 3,5 vezes mais elevados do que na Bulgária. É aliás no Sueste europeu que a carestia é mais baixa. O nível de preços na Sérvia, Montenegro, Albânia, Bulgária é metade do que vigora na média europeia. Contudo, afirma a Comissão Europeia, há uma tendência de "alisamento" no nível dos preços na União Europeia. O mesmo parece suceder com os ganhos das famílias, embora o processo de convergência seja muito lento.