Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
Futuro profissional inquieta universitários finalistas, diz inquérito europeu a 62 mil estudantes
A entrada no mercado de trabalho nem é o que mais os preocupa, mas sim o futuro da carreira profissional. Aqui, os finalistas portugueses são os mais inquietos entre os 60 mil universitários europeus inquiridos em 20 países, pela Trendence.
Em Portugal, oito em cada dez jovens universitários, no caso dos cursos ligados à engenharia, e sete em cada dez, no dos estudantes de áreas ligadas a ciências empresariais, afirmam estar apreensivos quanto à sua vida de trabalho, a partir do momento em que deixem a faculdade e entrem no mercado laboral. Só na Espanha, Itália, Irlanda e Reino Unido o nível de insegurança face ao trabalho se aproxima do português, indica o inquérito anual às perspectivas dos universitários europeus do Trendence Institute (ver ficha).
À insegurança que afirmam sentir em relação ao futuro, contrapõe-se a relativa facilidade com que esperam encontrar um primeiro emprego condicente com as qualificações. Os alunos portugueses admitem esperar entre três e quatro meses e enviar entre 25 a 30 candidaturas antes de encontrar trabalho. Em ambos os casos, as respostas estão próximas das dadas pela maioria dos inquiridos pelo Trendence Institute. Ou seja, não é a entrada no mercado laboral que os preocupa, mas sim a evolução da carreira.
Questionados sobre as características do empregador mais valorizadas, os finalistas portugueses focam sobretudo três: a segurança da posição e rapidez de promoções, equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional e a aprendizagem dentro do emprego. Tanto que quase metade diz que um curso superior não lhe dá as qualificações necessárias para um bom desempenho laboral. Por outro lado, não dão grande importância ao facto de o emprego implicar liderança nem ao valor do salário proposto pelo empregador.
Em matéria financeira, os portugueses têm, até fracas perspectivas para o primeiro emprego, comparando com os restantes europeus. Por cá, os futuros engenheiros esperam começar a ganhar mais do que os alunos de gestão: 20.185 euros, contra 18.360 euros, por ano. É uma média de 1400 euros por mês, contando com 14 meses (subsídio de férias e de Natal). Em média, os estudantes europeus esperam ganhar quase 30 mil euros no primeiro emprego (2140 euros por mês). A Dinamarca e a Noruega têm as melhores expectativas de salário, rondando os 50 mil euros por ano.
Tal como admitem ganhar menos dinheiro, também supõem trabalhar menos horas no primeiro emprego do que os colegas europeus, tal como estudantes os espanhóis e os italianos.
Em Portugal, os finalistas universitários da área de gestão estão preparados para dar ao empregador 43,3 horas por semana, menos do que a média de 45 horas avançada pelos inquiridos; nas engenharias, a fasquia é posta nas 43 horas, coincidindo com a média. É no Norte e Centro da Europa que se encontram os jovens mais predispostos a passar maior número de horas no emprego. Na Suécia, Alemanha e Áustria, os alunos admitem passar entre 46 a 50 horas por semana a trabalhar, o que dá até dez horas por dia.
Quanto à mobilidade para outros países, só um quarto dos portugueses admite trabalhar no estrangeiro depois de terminar o curso superior. Mas, desses, perto de metade aceitaria ir trabalhar para qualquer lugar do mundo, se recebesse uma proposta atractiva o suficiente.