5.12.08

Toxicodependentes mais jovens enchem comunidades terapêuticas

Carla Aguiar e Natach Cardoso, in Diário de Notícias

Droga. Mais de 3 mil passaram por comunidades durante o ano de 2007
As comunidades terapêuticas para toxicodependentes estão sempre cheias, com uma taxa de ocupação superior a 90 por cento, disse ao DN o presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT). Segundo João Goulão, as taxas de eficácia dos tratamentos livres de drogas são razoáveis, da ordem dos 33 por cento. Essa foi a percentagem de altas clínicas a doentes que terminaram o programa em 2007.

No ano passado foram 3167 os toxicodependentes internados no universo das comunidades terapêuticas do Estado e do sector privado, que no total disponibilizam 1300 camas. Não chegam, no entanto, a 10 por cento do total de 34 mil toxicodependentes atendidos pelo IDT, que estão maioritariamente em regime de metadona.

Na abordagem comunitária não há lugar a substituição de heroína por metadona - como nos chamados CAT -, mas aposta-se na libertação total de drogas, que requer seis meses, um ano ou ano e meio de internamento, consoante os programas.

Segundo o presidente do IDT, estas comunidades estão a ser procuradas, maioritariamente, por consumidores mais jovens, que não estão necessariamente associados a fenómenos de exclusão e marginalidade. "É gente que começou a consumir em contextos de diversão e prazer, como festivais de música e se habituou a misturar várias drogas com 'ecstasy'", observa João Goulão.

Segundo o coordenador do plano nacional de combate à droga e toxicodependência "com este padrão de consumo arriscamo-nos a ter daqui a uns anos uma geração de 'alzheimers' precoces". Apesar de não haver estudos com humanos, já há experiências com animais que antecipam esse cenário, associado ao consumo de ecstasy.

Quanto aos heroinómanos tradicionais, João Goulão refere que se trata , regra geral, de "uma população envelhecida, que consome há muitos anos e está doente". Este tipo de doente, diz, "tem muitas vezes histórias dramáticas com insucessos de outros programas terapêuticos". Por isso, diz, os doentes com este histórico têm menos sucesso nas comunidades terapêuticas, ao contrário dos jovens, que nem se consideravam toxicodependentes.