1.2.16

Aumentam os pedidos de asilo de menores não acompanhados em Portugal

In "TVI 24"

Presidente do Conselho Português dos Refugiados diz que “estes pedidos vêm sobretudo de crianças oriundas do Mali, da Guiné-Conacri, Nigéria e Sri Lanka”

A presidente do Conselho Português dos Refugiados (CPR) considerou esta segunda-feira “muito grave” o desaparecimento de mais de 10 mil crianças migrantes na Europa e adiantou que Portugal tem recebido muitos pedidos de asilo de menores não acompanhados.
“Em Portugal, temos tido ultimamente um aumento de pedidos de asilo de menores não acompanhados, o que significa que estas crianças estão a fugir dos seus países e a chegar à Europa em condições muito precárias e em situações muito vulneráveis”, disse à agência Lusa Teresa Tito Morais.

A responsável, que falava à Lusa a propósito dos dados da agência de polícia europeia (Interpol) que indicam que mais de dez mil crianças acompanhadas desapareceram na Europa entre 18 e 24 de dezembro passado, adiantou que, em 2015, Portugal recebeu 50 pedidos de asilo de menores não acompanhados e em janeiro dois.

“Estes pedidos vêm sobretudo de crianças oriundas do Mali, da Guiné-Conacri, Nigéria e Sri Lanka”, adiantou.

Na opinião de Teresa Tito Morais, os dados da Europol são “muito chocantes, mas infelizmente não são novidade”.

“A notícia não é, para mim, uma novidade. Estamos a assistir a um avolumar de uma situação dramática que os refugiados no seu conjunto estão a viver, e particularmente as crianças, que perdem as suas famílias e ficam sozinhas.
É uma situação muito grave”, sublinhou.

De acordo com a responsável, a comunidade internacional tem de estar atenta e agir no sentido de proporcionar a estas crianças que fogem condições de dignidade para as acolher.
“A solução para o problema é difícil, mas a realidade é que o tráfico está a aumentar de maneira feroz através da exploração dos refugiados. Muitas vezes as crianças são trazidas pelas redes para a Europa e ficam sujeitas a estas redes sob pena de as famílias sofrerem retaliações”, contou.

Segundo Teresa Tito Morais, a comunidade internacional e sobretudo a Europa têm de encontrar meios para fazer face a esta situação, nomeadamente com uma política mais solidária de acompanhamento destas situações e de acolhimento nos seus países de modo a que se possa desmantelar as redes de tráfico.

“A mensagem é a de uma mudança de política em termos de solidariedade internacional e uma atenção muito particular para esta faixa etária. São jovens indefesos que desaparecem por serem postos ao serviço das redes de tráfico, mas também porque perdem o rasto das suas famílias e não sabem onde as localizar”, frisou.

De acordo com Brian Donald, diretor da Europol citado pelo semanário britânico The Observer, os números divulgados domingo respeitam a crianças a quem se perdeu o rasto após o seu registo pelas autoridades europeias. Cerca de metade delas desapareceu em Itália.

Cerca de um milhão de migrantes chegaram à Europa no ano passado, naquela que é a pior crise migratória nesta região desde a Segunda Guerra Mundial, dos quais 27% são crianças, estima a Europol.