3.2.16

Subiu número de mortes por droga

In "Correio da Manhã"

Subiu número de mortes por droga Relatório referente a 2014.

Em 2014 aumentou o número de pessoas que morreram com droga no organismo, bem como o número de casos por overdose, sendo de destacar a cocaína, segundo o relatório anual do SICAD, esta quarta-feira apresentado.

De acordo com o documento do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) - 'A situação do país em matéria de Drogas e Toxicodependência 2014' -, nesse ano morreram 220 pessoas com a presença de pelo menos uma substancia ilícita (mais 36 do que no ano anterior), 33 das quais (15%) com overdoses, configurando um aumento de 50% neste tipo de óbito face a 2013.

Entre as substâncias detetadas nestas overdoses, o relatório destaca a presença de cocaína (64%), os opiáceos (45%) e a metadona (42%). Verifica-se um aumento significativo da presença de cocaína (36% em 2013) e da metadona (27% em 2013), mantendo-se os opiáceos nos mesmos níveis (46% em 2013). "É de notar, enquanto tendência emergente, embora ainda com valores residuais, a ocorrência de casos de overdose com a presença de drogas sintéticas", sublinha o relatório. Associação com álcool Na maioria das overdoses (85%) foram detetadas mais do que uma substância, sendo de destacar em associação com as drogas ilícitas, as overdoses com a presença de álcool (21%) e benzodiazepinas (46%).

Relativamente às outras 187 causas de mortes com a presença de pelo menos uma substância ilícita (ou seu metabolito) no organismo, estas foram sobretudo atribuídas a acidentes (40%), seguindo-se-lhes a morte natural (35%), suicídio (17%) e homicídio (4%).

Citando um estudo europeu que pela primeira vez incluiu Portugal e que estudou a prevalência de drogas e álcool na população condutora, o relatório refere que nos condutores mortos em acidentes de viação as drogas ilícitas mais prevalentes em Portugal foram a cannabis (4,2%) e a cocaína (1,4%). No que se refere à mortalidade relacionada com o VIH/Sida, de acordo com as notificações de óbitos recebidas no Instituto Nacional de Saúde (INSA), foram notificadas 87 mortes em 2014 associadas à toxicodependência, 57 dos quais já em fase de sida.

Haxixe: a droga mais apreendida O haxixe foi a droga com maior número de apreensões em 2014, pela primeira vez as apreensões de cannabis herbácea superaram as de heroína e a cannabis resina atingiu o grau de pureza mais elevados desde 2005. Estes dados, que refletem o mercado de oferta de drogas em 2014, constam do relatório anual do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Segundo o documento, a cannabis continua a ser a droga ilícita percecionada como de maior acessibilidade, refletindo as prevalências de consumo na população portuguesa. Em 2014, foi mais uma vez "consolidado o predomínio crescente da cannabis", a cocaína manteve-se como segunda droga com maior visibilidade no mercado nacional e a heroína continuou a perder visibilidade. O haxixe foi a substância com o maior número de apreensões (3.472), seguindo-se a cocaína (com 1.042 apreensões). O relatório destaca que "pela primeira vez o número de apreensões de cannabis herbácea (771) foi superior ao de heroína (690), o que se deve mais à diminuição de apreensões desta última droga, do que ao aumento de apreensões de cannabis. Sobem apreensões de ecstasy Além do haxixe, registou-se também um aumento nas apreensões de ecstasy (de 80 para 138), face a 2013.

Quanto aos mercados de tráfico e de tráfico-consumo, a principal diferença relativamente a 2013 foi a subida do preço médio da heroína, invertendo a descida verificada naquele ano, mas ainda assim mantendo um valor inferior aos registados entre 2002 e 2011. Relativamente ao grau de pureza das drogas apreendidas, o relatório salienta que a potência média da cannabis, e em particular da cannabis resina, tem vindo a aumentar nos últimos anos, atingindo em 2014 os valores médios mais elevados desde 2005. No contexto das populações escolares, um estudo que incidiu nos alunos do 8.º e 10.º anos de escolaridade revelou que a cannabis continua a ser a mais consumida (8,8% já experimentaram).

O relatório destaca indicadores de tendências emergentes, como a experimentação de produtos usados como doping (2,3%) e de smartdrugs (2,1%).