9.5.16

Bolsas de estudo alargadas a 25 universitários

Céu Neves, in Diário de Notícias

Olga Mariano não esqueceu as tradições mas estudou e até tirou a carta


Projetos têm funcionado com apoios comunitários e, quando estes se esgotam, a maioria das autarquias acaba com iniciativas

No âmbito do Portugal 2020, Programa Operacional Integração Social e Emprego, o Governo alarga de 11 para 25 as bolsas de estudo para universitários de etnia cigana, no valor de 1500euro euros cada. É o apoio redobrado ao projeto Opré Chavalé (Erguei-vos Ciganos) da associação Letras Nómadas, com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações (ACM) através do Programa Escolhas. E será criada uma linha de financiamento para integrar, numa 1.ª fase, 50 mediadores, com prioridade para a educação. Estes, ao contrário dos facilitadores, têm formação específica.

São os principais projetos nacionais em desenvolvimento para a integração da comunidade. A linha de financiamento dá sequência à formação de mediadores municipais em Portugal, que terminou em junho do ano passado e tinha comparticipação de fundos comunitários, através do ACM.

Entende-se "que a mediação é fundamental para a integração das comunidades ciganas e de imigrantes", refere o gabinete do alto comissário, Pedro Calado. O problema é que a maioria das autarquias prescinde dos mediadores quando deixam de ser financiadas. Em sete anos, trabalharam 21 ciganos nas câmaras , restando apenas três em funções: Beja, Barcelos e Moura. E há um quarto no meio escolar de Idanha-a-Nova.

Além daqueles, contam-se 90 mediadores interculturais nos Conselhos Nacionais de Apoio aos Imigrante e 90 dinamizadores do Programa Escolhas. E existem os "facilitadores", uma figura da mediação criada pelo programa comunitário ROMED 2. Além de Torres Vedras estão envolvidos Figueira da Foz, Beja, Seixal, Elvas, Barcelos e Moura (Coimbra e Abrantes saíram quando acabou o programa para mediadores) . E são 11 os países aderentes: Bulgária, Bélgica, Grécia, Macedónia, Roménia, Eslováquia, Itália, Hungria, Ucrânia e Alemanha. Em geral, o apoio autárquico traduz-se em meios logísticos e técnicos.

"A intenção da União Europeia e do Conselho da Europa foi abrir a participação a outros elementos da comunidade cigana. Até aqui, essa participação apenas envolvia os mediadores municipais", explicou Bruno Gonçalves, o delegado nacional do programa. É vice-presidente das Letras Nómadas, representante da comunidade cigana no ROMED 2, e dinamiza o Grupo de Ação Comunitário (GAC) da Figueira da Foz. Faz parte da equipa nacional de formadores ROMED, com Olga Mariano e Luís Romão.

Os GAC são voluntários da comunidade cigana que se encontram para discutir quais são os problemas e necessidades da comunidade. Fazem propostas e, em caso de serem aceites, como acontece em Torres Vedras, dão contrapartidas à sociedade maioritária.