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Cerca de 54 mil pessoas carenciadas foram apoiadas em 2015 pelas instituições de solidariedade social do distrito do Porto, revelou à agência Lusa o presidente da união que as representa, o padre José Lopes Baptista.
Ainda segundo os números fornecidos pelo presidente da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Porto (UDIPSS - Porto), esse apoio foi prestado por uma rede de 370 instituições, contando com o suporte de 13 mil colaboradores, três mil voluntários fora dos órgãos sociais e 4.070 em órgãos sociais.
Nas suas declarações à Lusa, o dirigente destacou o "percurso positivo" daquelas instituições no período que decorreu entre o início da crise e a actualidade.
Segundo o dirigente, "apesar da austeridade as instituições conseguiram manter-se. Houve indicações para que não embarcassem em despedimentos, mas antes em prosseguir o seu apoio. E em alguns casos até houve aumento do emprego".
Para o responsável, "o trabalho das IPSS ajudou à coesão social e [fez com] que as tensões não fossem além de alguma turbulência".
O apoio que surgiu da sociedade em termos de voluntariado, de acordo com José Lopes Baptista, também se fez sentir: "o aumento do voluntariado - que tem um peso de optimização - decorre de ter havido mais desemprego, com essas pessoas a darem o melhor de si próprio como fonte de realização pessoal".
No caso concreto da terceira idade, que ocupa também o quotidiano de preocupações da UDIPSS, o dirigente considerou que "não há uma correlação entre o apoio da Segurança Social e a vida das pessoas".
"As regras que nos regem estão fora de prazo devido à duração de vida das pessoas e dos seus comportamentos de saúde e físico", observou igualmente, afirmando que o sector que superintende na região do Porto "contribui muito para o PIB [Produto Interno Bruto] nacional, cerca de 20%".
José Lopes Baptista, que disse esperar ser este o último mandato que cumpre na liderança da UDIPSS-Porto, considerou que "é fora das cidades que as instituições de cariz social estão [mais] implantadas" e deu conta de uma alteração de paradigma na forma como hoje surge este tipo de trabalho.
"Antigamente a mobilização surgia por compaixão e por paixão”, hoje surge por “fenómenos de cidadania", disse o padre, destacando que este sector não deve ser confundido com "actividade empresarial, ainda que numa fase posterior possa vir a gerar emprego".
Quando questionado sobre a sobrecarga de solicitações ao sector social em período de austeridade, disse: "fomos capazes de mostrar a nossa paixão na comunhão do sofrimento das pessoas, de uma solidariedade que nos ensinou a ser gente realizada, ajudou-nos a reencontrar o nosso ADN, o para que existimos, porque existimos e como existimos e deu-nos a convicção de que ainda hoje o país, para a coesão social, não pode viver sem as IPSS".
"E isso é tremendamente positivo!", referiu.