28.2.19

O que inquieta os portugueses? Os serviços de saúde e a Segurança Social

Abílio Ferreira, in Expresso

Segundo o último Eurobarómetro, o desemprego e a situação económica do país deixaram de figurar na lista de receios e preocupações

É o último Eurobarómetro que o diz. Os portugueses estão mais otimistas e menos preocupados em relação à situação económica e à ameaça do desemprego. Em contrapartida, crescem os receios ligados ao custo de vida e à eficácia dos serviços de saúde e Segurança Social.

O Eurobarómetro é o documento da Comissão Europeia que retrata periodicamente os 28 países da União Europeia (UE) a partir de uma série de pesquisas de opinião com uma grande variedade de questões. O último, o 90º da série resulta de trabalhos de campo realizados em novembro de 2018.

E que conclusões partir retirar face ao anterior? Os portugueses manifestam-se preocupados com os setores da saúde e segurança social (33%), seguindo-se o desconforto ligado à subida de preços e ao custo de vida.
O desemprego, que no outono de 2016 era apontado como principal preocupação por 58% dos portugueses, surge agora na terceira posição, com 27% de respostas. Ou seja, caiu para metade no universo dos inquiridos.
O Eurobarómetro nota que esta é uma realidade que distingue Portugal dos restantes países do sul da Europa. Em Espanha, Itália e Grécia, metade dos inquiridos coloca o desemprego no centro das suas preocupações imediatas, surgindo no primeiro lugar do ranking.

Situação económica do país não tira o sono
Quanto à situação económica do país, citada por um terço dos portugueses há dois anos, ela deixou de figurar na lista de inquietações. Só 15% dos inquiridos vivem atormentados com esse tema. É uma valor em linha com a média europeia.

Na União Euroeia, o terrorismo aflige 8% dos inquiridos. Em Portugal, é residual, não superando 1%. Temas como imigração, crime, ambiente ou clima também passam também ao lado dos portugueses.
Metade dos portugueses considera que a situação económica não sofrerá alterações relevantes nos próximos 12 meses. Mas, apenas 29% acreditam que a evolução da economia será positiva. Em relação ao anterior Eurobarómetro, a a comunidade de otimistas reduziu-se em 7 pontos.

Rendimento familiar preocupa 40%
Quanto à situação financeira do agregado familiar, três em cada cinco portugueses expressam uma avaliação positiva. É um resultado em linha com o anterior Eurobarómetro. Ou seja, há 40% que receiam pelas finanças domésticas.
A relação é 11% inferior à média europeia (72%) e permite definir os portugueses como o sexto povo menos otimista em relação ao tema do rendimento familiar. Grécia e Bulgária são os únicos países entre os 28 da UE em que a avaliação é inferior a 50% - ficam nos dois casos nos 39%.

A maioria dos portugueses manifesta otimismo para o futuro: 63% acredita que a evolução da situação financeira do agregado familiar não vai piorar nos próximos 12 meses. O resultado supera a média da UE (60%). E, neste tópico, apenas 8% dos portugueses revelam pessimismo.

A democracia funciona, a Europa satisfaz
Na frente política, a satisfação impera. Quase dois terços afirmam-se agradados com o funcionamento da democracia.
Neste indicador, Portugal está bem acima da média europeia (57%). Mas, o nível de satisfação está em queda: há um ano a aprovação era de 75%. (média de 71% na UE), altura em que atingiu um pico, recuperando de valores baixos no rescaldo da troika.

A quebra de confiança afeta por igual partidos políticos, governo e o parlamento. O registo atual compara com o recorde de aprovação na Dinamarca (91%) e o mínimo da Grécia (26%).
E, qual a visão face a Europa, a poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu? O Eurobarómetro concluiu que o sentimento de cidadania europeia continua a prevalecer em Portugal.
A maioria dos portugueses confia na UE (55%), tem uma imagem é positiva da UE (53%) e rejeita a ideia de que o país poderia enfrentar melhor o futuro a pedalar isoladamente(69%). Portugal é o sexto país com a maior taxa de confiança na UE. Lituânia (65%), Dinamarca (60%) e Suécia (59%) lideram.

Televisão é mais confiável do que a imprensa escrita

O media preferido dos portugueses? A televisão. É o meio de eleição e a fonte a que mais recorrem para se informarem sobre política nacional e internacional. A rádio também é apreciada e bate ligeiramente a TV na confiança noticiosa.

Os dois meios superam a imprensa escrita (68% contra 61%). Os padrões identificados pelo Eurobarómetro colocam Portugal acima da média europeia para os três grandes meios tradicionais, que os portugueses consideram plurais e isentos. A diferença para a UE é mais acentuada (18%) no caso da televisão.

Um em cada quatro portugueses confia nas redes sociais. É um valor muito acima da média da UE (19%).