Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Emprego. No final de 2008, o desemprego real afectava 565 800 pessoas e mais 30 mil cidadãos estavam a caminho de cair na rede do rendimento social de inserção. Em 2009, as previsões oficiais apontam para um agravamento do mercado de trabalho e para um aumento do número de excluídos
O desemprego real atingiu 565 800 portugueses em 2008 - 10,1% da população activa - e mais 30 mil cidadãos estão em risco de exclusão social, sendo potenciais candidatos à rede do rendimento social de inserção (ex-rendimento mínimo garantido), de acordo com os dados referentes ao desemprego divulgados pelo INE. Este ano, com o agravamento do desemprego, a exclusão social deverá aumentar.
Marginalizados dos dados oficiais do desemprego e ameaçados de exclusão no mercado de trabalho, estas três dezenas de milhares de trabalhadores são apelidados de "desencorajados". São os "desanimados", que respondem no inquérito trimestral do INE não saber procurar trabalho ou "achar" que "não vale a pena procurar trabalho". Não entram na contabilidade do desemprego real e estão, por isso, no limiar da exclusão social. Mais tarde ou mais cedo, deve- rão entrar nas contas do rendimento social de inserção. Uma perspectiva cada vez mais real, já que a economia continua a dar sinais de degradação, sem oferta de emprego.
Em Dezembro passado, a taxa de desemprego foi fixada nos 7,6% da população (activa), afectando 427,1 mil portugueses. Uma quebra de 0,4 pontos percentuais face a 2007, menos 21 mil desempregados. Mas as estatísticas oficiais escondem (em 2008) mais 139 mil portugueses sem trabalho, o que, no conjunto, representa 10,1% da população activa.
São duas as categorias excluídas das estatísticas (para além dos 30 mil "desencorajados"). Na realidade, existiam 69,4 mil "inactivos disponíveis", que apenas um critério estatístico afasta das listas oficiais do desemprego do INE. São os desempregados que respondem no inquérito do INE que não procuraram trabalho nas últimas três semanas.
Existem mais 69 mil portugueses inseridos pelo Instituto de Estatísticas em outra categoria: a do "subemprego visível", que também entram na contabilidade do desemprego real. São os apelidados de "biscateiros". O número de portugueses que caiu neste "modo de vida" aumentou 4% em relação a 2007.
O exército dos sem trabalho de-verá aumentar este ano, de acordo com a generalidade das previsões. A OCDE, bem como o Banco de Portugal e o Governo, estima que o emprego deverá cair entre 0,7% e 1% em 2009. Isto significa que pelo menos 35 mil a 50 mil pessoas deverão perder o emprego em 2009. Outras 40 mil pessoas - que em média todos os anos entram para o mercado de trabalho - deverão manter-se inactivas. Ao mesmo tempo, a degradação da economia poderá empurrar para a exclusão social mais alguns milhares de trabalhadores.