in Jornal de Notícias
A presidência checa da União Europeia, secundada por vários países europeus, rejeitou um plano específico para ajudar a Europa de Leste a enfrentar a actual crise económica, ideia protagonizada pela Hungria.
"Não acho que a Europa de Leste seja uma área especial, acho que não é necessário separar vários países dentro da UE. Apoio uma ajuda da União a todos os países que dela necessitem, e não especialmente ao Leste", disse este domingo Mirek Topolanek, primeiro-ministro checo, à chegada a Bruxelas para participar na Cimeira dos 27 sobre a crise económica mundial.
Os dirigentes dos países de Leste da União Europeia estiveram reunidos numa mini-cimeira de preparação do encontro de Bruxelas, onde a Hungria assumiu a defesa de um plano especial para a região.
Entre os opositores a esta ideia contou-se também a Estónia, que defendeu conduzir à criação de diferentes "blocos" entre os 27.
"Não creio que haja necessidade de apoiar a Europa de Leste [em bloco], são países muito diferentes", afirmou Andrus Ansip, primeiro-ministro estónio, que contrastou nomeadamente a situação vivida no seu país com a da vizinha Letónia, a braços com uma grave crise financeira.
Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro luxemburguês, o seu homólogo sueco Fredrik Reinfeldt mostraram-se favoráveis à ideia de "solidariedade" para com os países europeus de Leste mais afectados, pondo de parte uma ajuda em bloco, tal como o presidente do executivo europeu, José Manuel Barroso.
"Estamos confrontados com um período muito difícil e a mensagem que ouvi hoje [durante a mini-cimeira] é que devemos enfrentar a crise num espírito de verdadeira solidariedade", afirmou o presidente da Comissão Europeia.
As políticas da Comissão, adiantou, irão levar em conta as "dificuldades específicas" dos países mais afectados.
Ferenc Gyurcsany, primeiro-ministro da Hungria, um dos países europeus mais afectados pela crise financeira mundial, reclama o lançamento de um plano de ajuda específico para as instituições financeiras da região, avaliado em até 190 mil milhões de euros.
Muito aquém desta dimensão de ajuda, Instituições financeiras internacionais como o Banco Europeu de Investimentos, Fundo Monetário Internacional e BERD comprometeram-se na sexta-feira a apoiar os países da região com 24,5 mil milhões de euros, com apoio do Banco Central Europeu.
Tal como a Polónia, Gyurcsany defende ainda uma aceleração da integração dos países de Leste na zona euro, onde actualmente estão apenas Eslovénia e Eslováquia.
"No início dos anos 1990 reunificámos a Europa. Agora, o desafio é se seremos capazes de reunificar financeiramente a Europa. Não podemos deixar que uma nova Cortina de Ferro seja criada para nos dividir", afirmou o chefe de Governo húngaro.