in Jornal de Notícias
As centrais sindicais prevêem que 2009 possa ser marcado por elevada contestação social, por se tratar de um ano de eleições e por haver algum aproveitamento da crise por alguns empregadores que tentam reduzir as condições de trabalho.
CGTP e UGT consideram normal que em ano eleitoral aumente o tom das reivindicações, independentemente da crise económica em curso, tudo dependendo da postura assumida pelo patronato na contratação colectiva e do efeito das medidas governamentais pelo emprego.
"A CGTP já tem em curso um movimento reivindicativo em todo o país, cuja prioridade é a defesa, nos locais de trabalho, do emprego e dos salários", disse à agência Lusa Arménio Carlos, do executivo da Intersindical.
Para o sindicalista, este movimento tenderá a aumentar à medida que as negociações na contratação colectiva forem avançando.
"O movimento reivindicativo e de contestação social tenderá a aumentar no decorrer do ano, em defesa dos direitos laborais e do crescimento real dos salários", disse Arménio Carlos defendendo que o crescimento dos salários "é essencial para dinamizar o mercado interno pela via do consumo".
O sindicalista lembrou que a CGTP já marcou para 13 de Março uma manifestação nacional e os sindicatos de professores marcaram um cordão humano para 7 de Março.
"Estou convencido de que a contestação social não vai ficar aquém do ano passado, pelo contrário, tenderá a haver uma grande dinâmica de luta em defesa do emprego, dos direitos, dos salários e da contratação colectiva", afirmou.
Arménio Carlos admitiu que o facto de 2009 ser um ano de eleições "naturalmente influenciará" o nível de contestação social, que poderá concretizar-se através de greves ou manifestações e concentrações.
"Certamente que os trabalhadores não vão esquecer as promessas feitas pelo actual Governo que não foram cumpridas e não deixarão de lembrar isso, independentemente da crise", disse.
O sindicalista considerou que a crise económica só poderá condicionar a participação de trabalhadores de certos sectores em acções de luta através do medo.
"A implementação de uma ideia do medo, nomeadamente de perder o posto de trabalho, pode condicionar a participação em acções de luta, mas isto é a fragilização da própria democracia participativa", concluiu.
O secretário-geral da UGT também considerou que a crise económica não vai inibir a contestação social, podendo até contribuir para o seu aumento, dado que alguns patrões estão a aproveitar a situação para condicionar a contratação colectiva.
"Ou o patronato tem um comportamento responsável na negociação colectiva ou a conflitualidade social vai aumentar", disse João Proença à Lusa.
Mas, segundo Proença, a crise também está a levar ao aumento do desemprego, o que pode levar as pessoas a protestar contra a pouca eficácia das medidas governamentais pelo emprego.
Para o sindicalista as eleições que se vão realizar este ano também vão influenciar o aumento da conflitualidade social mas por "motivos politico-partidários".
"Ao longo deste ano vai haver conflitualidade social mas tudo depende da atitude do patronato e dos resultados conseguidos com as medidas que o Governo está desenvolver em defesa do emprego", disse João Proença.