16.5.09

Cavaco Silva desconfia de subavaliação no quarto trimestre

in Jornal Público

O Presidente da República afirmou ontem que o Instituto Nacional de Estatística (INE) poderá ter subavaliado a dimensão do desemprego no quarto trimestre de 2008.
Durante a viagem à Turquia, Aníbal Cavaco Silva declarou que os valores sobre a evolução do PIB correspondem aos esperados pelos técnicos da Presidência. "O número do desemprego é que deu um salto grande e isso pode ficar a dever-se a uma subavaliação do quarto trimestre do ano passado", disse.

Já os partidos da oposição foram unânimes em sublinhar que as projecções macroeconómicas ontem apresentadas pelo Governo são irrealistas. Em resposta, o PS, nomeadamente o deputado Jorge Seguro, pediu "um discurso mais construtivista".
Um dos economistas que ontem fez declarações a tentar desconstruir o discurso do Governo - e os números do próprio INE - foi o ex-ministro das Finanças Bagão Félix.

Na sua opinião expressa, a dimensão social da taxa de desemprego é muito superior aos 8,9 por cento do primeiro trimestre. "A taxa, do ponto de vista técnico, está correcta, mas há pessoas que passaram de população activa desempregada para população inactiva". São 23,2 mil indivíduos que "tecnicamente não são desempregados, mas do ponto de vista social são-no", afirmou. Com eles, a taxa seria de 9,3 por cento. Já as contas do economista Eugénio Rosa atiram a taxa para 11,2 por cento, contando com diversas componentes de desempregados não contados oficialmente.

Apelidando o estado da economia de "catastrófico" (PSD), de "terramoto" (CDS-PP) ou como "poço-sem-fundo" (Francisco Louçã do BE), a oposição exigiu um orçamento rectificativo. O deputado do PSD Miguel Frasquilho defendeu que o Governo podia "gastar um pouco mais" em apoios sociais e fiscais em vez de investimento público. O BE acusou o Governo de ter injectado "mais dinheiro" na banca do que "na activação da economia e na resposta ao desemprego."

Bagão Félix diz que a dimensão social do desemprego é maior que a taxa técnica, o que resulta num índice de 9,4%