3.5.09

Estudo feito em Coimbra mostra que jovens consomem demasiadas bebidas alcoólicas

, in Jornal Público

Metade dos inquiridos bebe de mais o ano todo. Os casos de abuso e dependência de álcool são mais frequentes entre elementos do sexo masculino


Os jovens bebem demasiadas bebidas alcoólicas e uma percentagem significativa já é dependente do álcool, revela um estudo médico realizado em Coimbra. A investigação, coordenada pela médica Rosa Costa e realizada em 2008 no âmbito da Queima das Fitas, conclui que os jovens não apenas consomem excessivamente durante o evento, como têm hábitos alcoólicos preocupantes ao longo do ano.

"Os resultados obtidos permitem tirar a ilação de que o consumo de be-
bidas alcoólicas excessivo é habitual em 50 por cento da amostra, pois 44,5 por cento foram classificados como tendo um consumo nocivo/abuso e 5,6 por cento foram considerados dependentes", revela a clínica.

A investigadora acrescenta que "o consumo nocivo/abuso e a dependência foram mais frequentes no sexo masculino e entre os 18 e os 29 anos. Nas idades mais jovens (15-17 anos) foram encontrados sete casos de consumo nocivo/abuso e dois casos de dependência alcoólica".

Na amostra, em que participaram 395 pessoas (68,4 por cento do sexo masculino), com idade média de 22,8 anos (o mais jovem tinha 15 anos e o mais velho 47 anos), pretendia-se determinar os níveis de alcoolemia e avaliar os hábitos alcoólicos e tabágicos.

Realizado no recinto dos concertos das Noites do Parque, o estudo consis-
tiu num questionário anónimo e na medição da taxa de álcool no sangue, com recurso a um alcoolímetro.

"O nível de alcoolemia médio foi de 1,2 mg/dl. O valor máximo de alcoolemia detectado foi de 4 mg/dl. Constatei que 71 por cento dos indivíduos tinham uma alcoolemia superior à permitida por lei (0,5 mg/dl), sendo que a maioria pertencia ao sexo masculino", revela a médica no seu estudo.

"Face aos resultados obtidos, penso que seria importante, no futuro, como forma de intervenção, intensificar as campanhas de hábitos de vida saudável, e estendê-las por todo ano e não apenas nesta altura da semana académica da Queima das Fitas", refere a médica do Centro de Saúde da Fernão de Magalhães, em Coimbra.

Segundo Rosa Costa, "a intervenção para este grupo deveria ser mais intensiva e prolongada", durante todo o ano, quer quanto ao consumo excessivo de álcool, quer quanto ao consumo de tabaco. Na sua perspectiva, os próprios serviços médico-universitários poderiam disponibilizar consultas direccionadas à prevenção do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, e para desabituação tabágica. Lusa