5.5.09

Portugal e Irlanda, únicos casos na zona euro

in Jornal Público

Salário por trabalhador vai cair em 2009


As primeiras negociações salariais apontam para aumentos acima da inflação, mas a Comissão Europeia coloca Portugal como um dos dois países da zona euro onde o salário pago por trabalhador vai, quer em termos nominais quer reais, cair em 2009.
De acordo com as contas de Bruxelas, a compensação recebida por desempregado deverá cair 0,6 por cento face ao ano passado, o que, em termos reais, deverá representar uma quebra de 0,4 por cento. Entre os 16 países da zona euro, apenas na Irlanda está também prevista uma queda destes indicadores (ainda mais forte do que em Portugal). No resto da UE, Letónia e Lituânia encontram-se na mesma situação.

A quebra do valor do salário médio em termos nominais é uma novidade em Portugal durante as últimas décadas e está relacionada com o facto de, para este ano, se estar a prever uma inédita taxa de inflação negativa. Em termos reais, já se registou em 2008 uma descida de um por cento.

Os dados referentes a actualizações salariais até agora conhecidos para alguns sectores apontavam para subidas salariais confortavelmente acima da inflação. Na função pública, o aumento decidido para este ano foi de 2,9 por cento. E as revisões das tabelas salariais dos contratos colectivos acordadas entre patrões e sindicatos, no primeiro trimestre do ano (abrangendo cerca de meio milhão de trabalhadores), estão situadas em 2,6 por cento.

No entanto, estes são os aumentos que foram negociados antes de se tornar clara a dimensão da actual crise e a possibilidade de uma descida dos preços. É possível que negociações mais recentes e em sectores mais sujeitos a concorrência e dificuldades venham a revelar-se menos favoráveis aos trabalhadores, principalmente tendo em conta a pressão que a subida do desemprego coloca sobre quem está a tentar reivindicar um salário melhor.

Além disso, os números da Comissão são também influenciados pela possibilidade de aqueles que saem do mercado de trabalho (por exemplo por reforma) serem substituídos por outros que recebam menos ou por empregos em sectores com piores remunerações, o que explica uma variação nominal negativa do salário médio por trabalhador. S.A.