Lucília Tiago, in Jornal de Notícias
CGTP aproveita "crescendo de luta social" e marca manifestação para dia 29
As preocupações com o desemprego e os salários estiveram presentes nos discursos da CGTP e da UGT nas comemorações do 1º de Maio. Mas o tom foi diferente ea Inter acrescentou-lhes a precariedade e pobreza e marcou uma manifestação nacional para dia 29.
As greves e manifestações que marcaram estes primeiros quatro meses do ano e a adesão que os desfiles e concentrações ontem registaram (a CGTP apontou para cerca de 90 mil pessoas em Lisboa e a UGT para 40 mil), levaram o secretário-geral da CGTP a repetir que este "1.º de Maio realiza-se num crescendo de luta social".
O próximo grande passo desta luta está já marcado para dia 29 de Maio, dia em que a Intersindical promove uma manifestação em Lisboa - que contará com a adesão de, pelo menos, os funcionários públicos ligados à Frente Comum.
A luta por novas políticas de desemprego, direito ao emprego e melhores salários será o mote desta acção, cuja adesão poderá também servir de teste a uma greve geral, lá mais para o Verão.
Assinalando a situação difícil que vivem muitos portugueses e o país, Carvalho da Silva salientou que a solução para as dificuldades não está no PEC nem na redução do défice. Nem isso, diz, vai acalmar os mercados. Estes "só vão acalmar com a luta dos trabalhadores".
Numa intervenção que durou cerca de 50 minutos e que marcou a tradicional concentração do 1º. de Maio da CGTP na Alameda (Lisboa), Carvalho da Silva acusou o Governo de estar a matar a negociação colectiva, o instrumento que mais impacto teve na distribuição de riqueza.
Ao longo do discurso - várias vezes interrompido para aplausos, e para se ouvirem assobios e apupos sempre que o PSD ou seu líder ou Paulo Portas eram mencionados - o líder da CGTP teceu duras críticas ao PEC, "o último instrumento da governação de Sócrates", que faz uma declaração de guerra aos nível de vida dos trabalhadores e pensionistas e aos direitos sociais, e que se centra na redução do défice sem garantir que daqui a quatro ou cinco anos a dívida não esteja mais alta.
Acompanhado por cerca de 40 mil manifestantes (25 mil nas contas da PSP), João Proença usou um tom menos crítico, mas deixou o aviso de que a "factura" do PEC não pode ser paga apenas pelos trabalhadores.
Considerando que o "problema maior do país" é o desemprego e que este só se combate com o crescimento económico, o líder da UGT defendeu o reforço do diálogo social. Sem esquecer o ataque especulativo da semana passada, afirmou que o país não se pode deixar vergar.