Diana Mendes, in Diário de Notícias
Medidas. Número de testes realizados em 2009 deverá superar o milhão deste ano
O Ministério da Saúde vai gastar "pelo menos 300 mil euros anuais com a realização de testes gratuitos ao VIH", prevê Henrique Barros, coordenador para a infecção VIH/sida. O número de análises realizadas vai certamente superar o milhão que foi registado este ano, porque antes o teste era pago, apesar de ter um custo reduzido. "Aos preços actuais, teríamos de investir um milhão de euros, mas como vamos optar pelos testes rápidos, devemos gastar menos", confirma.
Até agora, apenas uma minoria podia realizar testes gratuitos, nomeadamente as grávidas. Quem fosse a um hospital pagava um euro de taxa moderadora; com credencial do centro de saúde pagava-se dois euros; já os funcionários públicos (ADSE) tinham de despender quatro euros. Os testes convencionados custavam 18 euros. Os testes rápidos vão custar cerca de oito a nove euros. Estes testes são tão eficazes como os anteriores, mas permitem saber resultados em apenas 20 minutos. Henrique Barros ressalva, porém, que isso não quer dizer que todas as pessoas saibam os resultados com esta rapidez. "Só se solicitarem", sublinha.
A coordenação nacional pretende implementar as medidas na área da infecção VIH/sida - anunciadas na segunda-feira pela ministra Ana Jorge - ainda "no primeiro semestre de 2009", acrescenta o responsável. Nessa altura, os testes que confirmam se um resultado é positivo (recorde-se que 3% dos testes são falsos positivos) também serão comparticipados. "Está prestes a ser publicada a tabela que explicita as comparticipações", frisa.
Em 2009, os doentes infectados pelo VIH vão também ter acesso a cheques-dentista. "Estimamos que entre mil a 1500 doentes precisem deste apoio", afirma Henrique Barros.
As 350 mulheres infectadas que engravidam anualmente também terão benefícios. Se necessitarem de recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida (por infertilidade) podem fazê-lo na Maternidade Alfredo da Costa. Outro dos constrangimentos que será ultrapassado é o da amamentação, desaconselhado perante os riscos de transmissão mãe-filho da doença.
As mães portadoras da infecção terão acesso gratuito aos bancos de leite que forem criados nos hospitais do SNS e a fórmulas lácteas em farmácias hospitalares, por um ano. "Estas medidas são importantes porque são uma marca de civilização", conclui.