in Jornal de Notícias
Mais de metade das Pequenas e Médias Empresas nacionais não empregam pessoas com deficiência. Dos mais de 600 mil deficientes - 6,1% da população - só 29% são economicamente activos. Os homens sofrem mais.
A conclusão resulta do estudo europeu "Investindo na diversidade", promovido pelo projecto Respons&Ability ao longo de três anos e meio, e divulgado ontem, data em que se assinalou o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
A deficiência é vista como um obstáculo à contratação, sendo que apenas 31% das das 85 PME estudadas (63 em Portugal; 22 nos restantes países) afirmou ter colaboradores com deficiência.
Trata-se de um número residual se tivermos em conta que as PME representam mais de 99% das unidades empresariais a operar no mercado nacional, gerando entre 75% e 83% das oportunidades de emprego em Portugal. Facto: 69% não emprega pessoas com deficiências.
Questionados sobre a razão que sustenta estes números, 48,3% dos potenciais empregadores afirmou "nunca ter tido candidatos com deficiência", e 19% justificou "que a empresa não está fisicamente preparada para ter trabalhadores com deficiência."
De acordo com um estudo de 2001 do Instituto Nacional de Estatística, das empresas que têm site na internet, apenas 16% são acessíveis a pessoas com necessidades especiais, o que denota uma falta de preocupação com este segmento de mercado.
O recenseamento da população portuguesa apurou, também em 2001, a existência de 634,408 pessoas com deficiência. A população com pelo menos um tipo de deficiência representava 6,1% da população residente total.
Desse universo, apenas 29% era considerado economicamente activo. E, contrariamente ao que acontece no restante mercado de trabalho, são os homens quem mais sofre neste segmento.
A maioria dos trabalhadores com deficiência tem idade compreendida entre os 25 e os 34 anos. Tem emprego 62,5% da população masculina (33,9% consideram-se inactivos), e 49,3% da população feminina (47,1% é inactiva). Em ambos os casos, o desemprego ronda os 3,6%.
Apesar de tudo, Portugal está entre os países mais bem vistos nesta matéria - 19,9% dos deficientes têm uma actividade profissional -, a par da Dinamarca e apenas ultrapassado pela Inglaterra (27,2%). Espanha, Lituânia e Itália estão na base na pirâmide.
A emergência da igualdade de oportunidades das pessoas com deficiência no acesso ao emprego levou à alteração da legislação. Hoje, lei portuguesa obriga a que as empresas contratem 2% do número total de trabalhadores; e na administração pública este número sobe para 5%.