R.O., in Jornal de Notícias
Na sua mensagem de Natal, o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, afirma que os portugueses vivem "num período de insegurança e instabilidade. Encarar o presente, para muitos, é preocupante e o futuro aterroriza por aquilo que pode proporcionar".
A fraternidade justifica-se sempre, mas torna-se mais urgente no Natal. D. Jorge Ortiga lembra-o: "Em Cristo, o Natal torna-se a festa da fraternidade e o cristão deve encontrá-Lo em todo e qualquer ser humano e não de um modo esporádico mas permanente". É necessário "descobrir carências, particularmente na pobreza envergonhada, e comprometer-se com a solidariedade de um modo realístico e concreto e, talvez, anónimo". Se vez alguma há razão para fechar os olhos à realidade, menos ainda no Natal, que muitos, teimosamente, convertem numa festa consumista. É o que diz o arcebispo de Braga, interrogando: "Valerá a pena fechar os olhos? A ideia de uma sociedade de direitos iguais para todos continua a ser ilusão e utopia? Não teremos nada a fazer?"
Oxalá o seu voto se concretize: "O Natal (…) faz com que os homens e mulheres de boa vontade se deixem comover procurando conhecer situações que violam os direitos humanos e acreditem na alegria de dar", e cumpram "gestos de verdadeira dádiva" e estarão "a acabar com a pobreza nas suas manifestações e causas".
Só assim, vale a pena festejar o Natal.