13.11.15

Rota da esperança. Mais de 800 mil migrantes chegaram à Europa via Mediterrâneo

In Rádio Renascença

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados alerta para sobrelotação em Lesbos. Ilha tem registado uma média diária de 3.300 chegadas.

Mais de 800 mil migrantes e refugiados chegaram em 2015 à Europa através do Mediterrâneo. O número é da ONU, alertando para a situação na ilha grega de Lesbos, onde milhares dormem ao relento.

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 806.000 migrantes e refugiados atravessaram em 2015 o Mediterrâneo para chegar ao território europeu, dos quais a grande maioria, 660.700, passou pela Grécia e pelas ilhas gregas do mar Egeu.

Um total de 3.460 migrantes morreu ou desapareceu durante a travessia, indicaram os mesmos dados.

Só no passado mês de Outubro, e apesar das más condições meteorológicas, 210.000 pessoas chegaram ao território grego, a maioria à ilha de Lesbos, a principal porta de entrada dos migrantes na Europa.

Este fluxo não abrandou em Novembro, referiu o ACNUR, indicando que esta ilha tem registado uma média diária de 3.300 chegadas.

"Com o Inverno a aproximar-se, as condições de acolhimento e as capacidades de permanecer [em Lesbos] são muito limitadas e insuficientes", declarou um porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards, num encontro com a comunicação social em Genebra.

De acordo com o ACNUR, Lesbos dispõe unicamente de 2.800 lugares de acolhimento, um número bastante pequeno para responder às necessidades dos cerca de 16 mil migrantes e refugiados que estão actualmente na ilha.

Como consequência, lamentou a agência das Nações Unidas, "muitas pessoas, incluindo mulheres, crianças e recém-nascidos, não têm outra escolha a não ser dormir ao relento, acendendo fogueiras para se aquecerem".

Além disso, segundo destacou a organização, "esta situação está a criar problemas de segurança e é um motivo de tensão com a população local".

"É um desafio extremamente difícil para uma única ilha", sublinhou a vice-directora do ACNUR, Diane Goodman, numa teleconferência a partir de Atenas.

A representante explicou que o ACNUR foi a única agência das Nações Unidas presente em Lesbos, com apenas 30 - que serão em breve 40 - trabalhadores humanitários.

Diane Goodman apelou às autoridades locais para arranjarem mais locais para acomodar as pessoas e para melhorarem o sistema de registo.

Cerca de 62% dos migrantes e refugiados que chegam à Grécia são oriundos da Síria, 23% do Afeganistão e 7% do Iraque, segundo a ONU.