in Jornal Público
Em frente à Gare do Oriente, ontem à tarde, aparecem de repente quatro pessoas com máscaras de dirigentes mundiais: do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, da chanceler alemã, Angela Merkel, do Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e do líder sudanês, Omar al-Bashir. Estão de pijama e chinelos azuis, eles; de pijama e roupão por cima, ela. Dirigem-se para uma cama perto, colocam uma máscara nos olhos para não serem incomodados, e dormem.
Passados uns segundos, um grupo de manifestantes, vestindo T-shirts com o mapa do Zimbabwe, agitam maracas, tambores e apitos, vão cantar e dançar para a cabeceira da cama, tentando acordar os "líderes". "Wake up! Speak Out", pedem os placards. "Acordem! Os direitos humanos estão em perigo", diz outro. Ao ritmo africano juntam-se ainda o megafone e a guitarra de duas personagens do programa Vai Tudo Abaixo, da Sic Radical, de golas de camisa dos anos 1970, que também protestam: "É uma vergonha!", grita um.
Alguns transeuntes param, divertidos com a chinfrineira. "É para chamar a atenção para a guerra", nota uma adolescente. Perto, dois grandes painéis alertam para a questão do Darfur: "Os líderes não estão a prestar atenção. Nós estamos." M.J.G.