Jorge Heitor, in Jornal Público
A dicotomia poderá ser simplista, mas recorremos muitas vezes a ela para tentar separar o trigo do joio no que aos governantes diz respeito
Quando se trata de falar de boa governação no continente africano não é fácil destacar exemplos. Acontece o contrário quando nos referimos à má administração política e económica. Alguns com os mesmos chefes de Estado há décadas nos mesmos lugares.
A título de simples referências do melhor e do pior em África, ficam três experiências conseguidas e alguns retratos de governantes pouco recomendáveis.
De entre os bem administrados, ficam as escolhas de um lusófono, um francófono e um anglófono, bem diferentes entre si: Cabo Verde, Mali e Botswana.
A África do Sul consegue também atrair muitos investimentos estrangeiros e foi de um modo geral bem administrada pelos presidentes Nelson Mandela e Thabo Mbeki. A Argélia é outro exemplo de um país que exporta bastante e até tem um excedente comercial. Angola cresce economicamente, mas em muitos casos não respeita os direitos humanos.
Do lado oposto, vale a pena olhar para Omar Hassan al-Bashir, Presidente do Sudão e o "número um" dos ditadores mundiais, segundo a revista norte-americana Parade; o sempre exótico Muammar Kadhafi, com 38 anos de condução da Grande Jamahiriya árabe líbia, "popular e socialista"; e o rei da Suazilândia, um país onde perto de 38 por cento dos adultos se encontram seropositivos (o mais triste dos recordes mundiais).
Ainda entre os autocratas, claro que se poderia dizer que Omar Bongo Ondimba (em jovem Albert-Bernard Bongo), o senhor do Gabão, já está há 40 anos no poder. E que Robert Gabriel Mugabe é o ditador de quem mais se fala em vésperas da cimeira UE-África do próximo fim-de-semana. Pela violação constante dos direitos humanos, a perseguição à oposição política e a recusa do primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, em participar na cimeira por causa da sua presença.
De fora ficam exemplos de boas prestações políticas como a das ilhas Maurícias ou de líderes como o da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que, para quebrar o isolamento internacional, tentou juntar-se à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e conseguiu estatuto de país observador.