Gina Pereira, in Jornal de Notícias
Bairro de barracas é para estar demolido em Maio de 2009
Alguns moradores do bairro do Fim do Mundo, no Estoril, Cascais, prometem resistir, hoje, à anunciada demolição de 13 barracas por parte da Câmara Municipal de Cascais (CMC) por considerarem que nem todos têm realojamento garantido. Pelas contas da associação Solidariedade Imigrante, "há pelo menos 26 pessoas que não têm qualquer alternativa". A autarquia admite que há cerca de 100 pessoas que não estão recenseadas, mas garante que "nenhuma família vai ficar na rua". Mantém que a demolição do bairro é para continuar e ficar concluída até Maio de 2009.
Ao final da tarde de ontem, a comissão de moradores organizou uma vigília com o apoio do Grupo Direito à Habitação e associação Solidariedade Imigrante para alertar os moradores para a situação, mas a verdade é que as demolições tiveram aviso-prévio na sexta-feira, técnicos da autarquia, acompanhados por polícias, estiveram no bairro a colar editais avisando que as demolições iriam avançar hoje.
De acordo com os moradores, a água e a luz foram cortadas, o que os deixou numa "situação calamitosa" e sem "condições de higiene", lê-se num comunicado enviado ontem às redacções, onde acusam a CMC de estar a agir em "completo desrespeito" pelas pessoas. Reinaldo, membro da comissão de moradores, diz que a CMC está a agir à revelia do que tinha ficado combinado numa reunião, a 8 de Janeiro, com o presidente e com o vereador da Habitação, quando se comprometeram a suspender as demolições até que fizessem um levantamento conjunto do número de pessoas que vive no bairro.
Questionada pelo JN, a CMC não confirma esta reunião, nem o compromisso de haver um novo levantamento, alegando que "não existe nenhuma associação de moradores legalmente constituída no bairro".
Quanto às demolições de hoje, a CMC garante que "o realojamento das famílias está acautelado" e que será feito em diversos empreendimentos de habitação social do concelho. De acordo com dados da autarquia, após as demolições de hoje ficam por realojar 49 famílias recenseadas que correspondem a 40 barracas, além de cerca de 100 indivíduos isolados que não estão recenseados no Plano Especial de Realojamento (PER).
A Câmara confirma que tem em curso uma candidatura ao programa PROHABITA com vista ao realojamento de 55 famílias, mas não adianta quando prevê que este processo possa estar concluído. Os moradores argumentam que a demanda da população "é mais que o dobro deste número" e que não haverá casas para todos.