in Povo da Beira
"Ninguém sabe o resultado do combate à pobreza em Portugal"
"Dinâmicas de Castelo Branco: Uma caracterização sócio-económica do distrito e das suas ONG's". É este o título do livro apresentado no passado dia 24 de Janeiro, no Governo Civil de Castelo Branco, cuja edição é da responsabilidade do Núcleo Distrital de Castelo Branco da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN). Trata-se de uma obra de investigação que retrata as especificidades do distrito nas suas mais diversas vertentes, nomeadamente, no que diz respeito ao território, população, saúde, educação, protecção social, emprego, habitação, consumo, bem-estar e tecido económico e empresarial. Durante a sessão de apresentação deste trabalho, cuja
publicação contou com o apoio do Governo Civil, a governadora referiu que o lançamento de qualquer livro, seja ele qual for, é sempre um momento importante na medida em que para o seu ou seus autores representa o culminar do seu pensamento, trabalho de pesquisa ou análise ou mesmo da sua criatividade.
Alzi ra Ser rasquei r o disse ainda que o o livro agora apresentado "é uma caracterização do distrito no seu todo, com âmbito sócio-económico e das organizações Não Governamentais (ONG) existentes no âmbito da Segurança Social, que trabalham complementarmente com ao Estado, dele recebendo financiamentos e doações". Por outro lado, a representante do Governo no distrito sublinhou ainda o esforço que o Estado vem fazendo, destinado a solver ou minorar situações de desigualdade, com medidas de política social, "não se demitindo o estado quanto à protecção de grupos sociais específicos", nomeadamente, os pensionistas e portadores de doenças crónicas e outras. Também na habitação, segundo Alzira Serrasqueiro, além da promoção efectuada por parte das autarquias e também das Instituições de Solidariedade Social (IPSS) cuja importância da sua participação na sociedade civil é ressalvada pela Governadora Civil, "O Estado não se demite das suas funções, articulando programas de promoção habitacional com outros ligados à luta contra a pobreza". Também outros domínios, como na família, protecção de crianças e jovens em risco, exclusão social foram destacados pela Governadora Civil que fez questão de ainda sublinhar que "é
errado pensarmos ser apenas o Estado a ter responsabilidade no combate à pobreza e à exclusão. O seu papel tutelar, procurará cada vez mais o envolvimento de entidades radicadas na sociedade civil, que assumem um papel importante nas parcerias que cada vez mais fazem sentido no combate às desigualdades", conclui. Por último, Alzira Serrasqueiro disse que mesmo em tempos de uma economia globalmente difícil, "o estado não se tem demitido do seu papel". Em relação ao livro, a governadora destacou a sua importância como estudo localizado e interpretativo que nos dá "uma base para passarmos para outro patamar que é o de racionalizar melhor a intervenção social no distrito e isso fá-lo-emos mais tarde ou mais cedo", conclui a Governadora Civil.
Milhões gastos sem resultados visíveis
Por seu turno, o Padre Jardim Gonçalves, da REAPN, disse que em Portugal, "ninguém sabe os resultados do combate à pobreza. Ninguém sabe quantos milhões foram gastos nem se vêm os resultados. Toda a gente sabe que houve muitos compadrios e favores políticos", sublinha. Aquele responsável disse ainda que a REAPN assenta num princípio de possibilidades de igualdade de oportunidades e em relação ao livro agora apresentado refere que este pretende dar a conhecer a realidade de um distrito, onde ressalta a incidência da problemática do emprego, o envelhecimento da população ou o isolamento das instituições. Por último, em relação à REAPN, cuja sede, brevemente, vem para Castelo Branco (deixando assim a cidade do Fundão), Jardim Gonçalves diz que "a rede não é mais uma instituição que está cá (Castelo Branco). A rede são vocês que a constroem. Nós apenas temos os instrumentos para
apoiar. Cada distrito constrói a rede", sublinha.