in Diário do Alentejo
Todos os dias vamos encontrando caras novas, línguas diferentes, costumes que também não são os nossos. Este Alentejo vai tornando-se poliglota, encaixando, dentro da sua pobreza, os que vêm de fora procurando aqui uma vida melhor.
É permeável pela sua extensão e desertificação. O Alentejo apetece, porque não tem gente, escasseiam as iniciativas, é fácil, neste terreno, procurar o desenvolvimento económico que não existe.
Da mesma maneira que, antigamente, emigrávamos para as colónias, onde havia espaço para desenvolver, o Alentejo é coisa apetecível para aqueles que nos seus países se sentem apertados e com dificuldade em respirar e vingar na vida.
O Alentejo aparece assim a ser procurado para muitos começarem aqui a vida que não lhes é permitida nos seus países.
Na agricultura, na medicina, no comércio, todos os dias vamos encontrando caras novas, línguas diferentes, costumes que também não são os nossos. Este Alentejo vai tornando-se poliglota, encaixando, dentro da sua pobreza, os que vêm de fora procurando aqui uma vida melhor.
No Algarve a invasão é diferente. Procura-se o sol, a boa vida, o descanso.
No Alentejo a invasão é doutro estrato social, vem de encontro à nossa pobreza e humildade.
E, apetece-nos perguntar, qual a razão da emigração para esta triste região não ter sido feita a partir do próprio país.
As grandes metrópoles e o litoral já não comportam tanta população. Mas é preciso o investimento para motivar a migração interna, e isto nunca se fez neste Alentejo que é nosso.
Do confronto e da conjugação de gentes de diferentes lugares e de línguas díspares vão surgir com certeza coisas boas e menos boas.
De certeza, no entanto, que este Alentejo e esta Beja nunca mais serão iguais àquilo que desejamos.
Temos já saudades do Alentejo e de Beja do antigamente.