Eduardo Pinto, in Jornal de Notícias
A Escola Básica número três, da Régua, é um exemplo de integração de crianças ciganas. São 19 entre 230 alunos. Não há casos de abandono escolar e com maior ou menor dificuldade todos concluem o Primeiro Ciclo.
Aurora Carvalho, coordenadora da escola, ressalva que aquelas crianças regem-se por "regras diferentes" da maioria dos cidadãos, que criam no professor "dificuldades em incutir-lhes o gosto de aprender". "Parece que andam sempre desmotivados e contrariados", acrescenta.
Os professores socorrem-se de jogos para cativá-los, o que nem sempre conseguem. "Face a esta desmotivação a aprendizagem é mais tardia", pelo que, salvo raras excepções, "um menino de etnia cigana não consegue em quatro anos fazer o Primeiro Ciclo".
Porém, Aurora Carvalho diz-se satisfeita pois "não há nenhum caso de abandono escolar de ciganos". As desistências aparecem sempre entre as raparigas. "Quando chegam aos 13 anos acham que já estão na idade de casar e acabam por deixar a escola".
"Os rapazes são quem normalmente consegue fazer o Segundo Ciclo", aduz a professora, mesmo com uma idade superior ao normal. A docente revela que o ano passado "dois alunos concluíram o Primeiro Ciclo com 13 anos e um com 12". Estes continuaram a estudar e "parece que este ano estão a ter prestações bastante razoáveis".
A Escola Básica número três situa-se mesmo ao lado do Bairro das Alagoas, onde 25% das 175 casas são habitadas por ciganos. "A convivência não tem sido má de todo", nota, Aurora Carvalho, todavia, lembrando que "o ano passado "houve algumas situações de conflito, que depois se conseguiram colmatar através do diálogo".