8.1.09

Há 77 países a comprar menos bens nacionais

João Paulo Madeira, in Jornal de Notícias

A economia portuguesa já está a sentir a contracção do comércio internacional. Segundo os últimos dados recolhidos pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, divulgados ontem, há 77 países a comprar menos produtos nacionais e alguns estão no grupo de principais clientes do país.

O investimento de empresas estrangeiras em Portugal desceu 22,8% até Outubro. No mesmo período, o investimento de Portugal no exterior caiu para metade.

Apesar de admitir que a conjuntura actual é "muito preocupante", o presidente da AICEP, Basílio Horta, recomendou que as empresas "preparem o dia seguinte à crise", não deixando de apostar nos mercados externos. A prioridade deve ir para regiões e países como Angola, Singapura, Brasil, Magrebe, Líbia, Brasil, Venezuela ou mesmo Espanha.

Basílio Horta revelou que a meta da AICEP para 2008 - contratualização de três mil milhões investimento - ficou aquém do pretendido, tendo sido angariados 2 mil milhões. Para este ano, não há objectivos fixados, dadas as condições dos mercados internacionais, mas a AICEP tem intenções de investimento de 4 mil milhões.

A actuação da AICEP em 2009 vai tentar contrariar a tendência de contracção nas exportações nacionais. Até Outubro, as saídas de produtos do país aumentaram 3,3%, mas na lista de mais de 200 países com os quais Portugal tem relações comerciais, 77 apresentam uma variação negativa na compra de produtos portugueses, segundo dados até Setembro. França (-3,1), Itália (-4,1%), Reino Unido (-5,3%) e Estados Unidos (-19,9%) são dos que mais descem.

No que diz respeito ao investimento de empresas estrangeiras em Portugal, o cenário também é de retracção. O Investimento Directo Estrangeiro Líquido (saldo entre novos investimento de empresas e os desinvestimentos no país) caiu 22,8% até Outubro, face a igual período do ano passado, atingindo 3,1 mil milhões de euros. O investimento de Portugal no exterior líquido caiu para metade, cifrando-se em cerca de 2 mil milhões de euros.