5.8.09

Desemprego atinge 50 mil no distrito

Pedro Vilã-Chã, in Jornal de Notícias

União de Sindicatos teme que o fim de "apoioscamuflados" faça subir o número para os 60 mil


Não abranda a escalada vertiginosa do desemprego no distrito de Braga, afectando já cerca de 50 mil pessoas, mas os sindicalistas temem que, a este ritmo, possa chegar aos 60 mil em Setembro ou Outubro.

"Há uma série de grandes empresas que está em processo de emagrecimento dos seus efectivos. Por exemplo, a Riopele despediu 400 trabalhadores em Julho e outras empresas da área têxtil preparam-se para seguir o mesmo processo. Não estamos a falar de falências nem insolvências, mas ao emagrecimento de efectivos", enquadra Adão Mendes, coordenador da União de Sindicatos de Braga (USB), alertando que o que se avizinha "não é nada encorajador".

O número de desempregados no distrito aproximou-se dos 50 mil, segundo dados revelados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Estão inscritos nos centros de emprego 49355 desempregados. O número de desempregados subiu em nove dos 14 concelhos do distrito.

Este drama laboral entronca nas transformações empresariais e sociais em curso e que merecem uma analogia do sindicalista: "há muita gente a viver a soro, mas que em Outubro darão, certamente, sinais de vida, com naturais influências negativas".

E a essas mudanças surge associado o acto eleitoral de 27 de Setembro que , a verificarem-se alterações, "quem vai pagar é o tecido produtivo". Associa a esta visão muitas situações camufladas, como apoios "que têm efeito apenas até às eleições".

Sem assumir o papel de porta-voz da plataforma recentemente criada no Minho, envolvendo a Universidade, a Igreja, a Associação Industrial, a Associação Comercial e a própria USB, Adão Mendes lamenta que o pedido de reunião formalizado três semanas antes das eleições Europeias, ainda não tenha obtido resposta por parte do Primeiro Ministro. "Não se dignou sequer a responder ao apelo do senhor arcebispo", lembra, indignado, para acrescentar que uma posição dos parceiros estará para breve.

E sobre este trabalho, o sindicalista lembra que a coordenação de D. Jorge Ortiga permitiu "o confronto de diferenças", encontrando uma posição harmoniosa e em breve deverá decorrer a cerimónia pública de assinatura do protocolo.

"Queremos que quem assuma compromissos sobre o Minho, os assuma independentemente dos resultados eleitorais. O mais cruel que pode haver é fazer chantagem política sobre os desempregados", argumenta Adão Mendes que destaca a importância dos pressupostos em que assenta esta plataforma: "os sacrifícios têm equilíbrios. Posso pedir sacrifícios aos trabalhadores, garantindo que amanhã os lucros serão distribuídos também por eles. E, em 2011, prevê-se que o salário mínimo em Portugal será de 600 euros e em Braga poderemos ter de 650".