5.8.09

Quatro milhões de brasileiros saem da pobreza

in Diário de Notícias

Cerca de quatro milhões de brasileiros saíram da condição de pobreza nas regiões metropolitanas do país nos últimos sete anos e, apesar da crise mundial, o Brasil continuou a diminuir a pobreza e a desigualdade nas principais regiões metropolitanas.

A conclusão é de uma pesquisa hoje divulgada pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (IPEA), vinculado ao Ministério do Planeamento.

De acordo com o estudo, o número de pobres no Brasil caiu de 18,5 milhões em Março de 2002 para 14,5 milhões em Junho deste ano.

Na avaliação do presidente do IPEA, Marcio Pochmann, a queda deve-se ao aumento do ritmo da expansão económica brasileira a partir de 2004, à recuperação do emprego, elevação do salário mínimo e a programas de transferência de renda, nomeadamente o Bolsa-Família, que atinge os 20 por cento mais pobres da população.

Ao contrário do que se verificou em períodos anteriores de crise - 1982 a 1983, 1989 a 1990 e 1998 a 1999 -, houve uma redução da pobreza no Brasil de Outubro de 2008 a Junho de 2009, quando o Brasil sentiu as turbulências internacionais.

Em plena crise mundial, a taxa de pobreza no Brasil caiu 2,8 por cento, com 503 mil pessoas a saírem da miséria.

Para Pochmann, isso é fruto de decisões do actual governo e também de administrações anteriores que ajudaram a construir uma rede de protecção social para os segmentos mais vulneráveis da sociedade brasileira.

O estudo do IPEA registou também queda na medida de desigualdade na renda para as seis principais regiões metropolitanas brasileiras - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre - durante as turbulências internacionais.

O índice Gini, que mede a desigualdade, caiu 4,1 por cento entre Janeiro e Junho, registando a mais alta queda dos últimos sete anos e atingindo o menor patamar histórico (0,493) nas principais regiões metropolitanas.

O índice varia de zero a um, indicando maior desigualdade à medida que o valor se aproxima de 1.

Pochmann destacou que a crise no Brasil, que atingiu mais o sector industrial, acabou por favorecer a redução da desigualdade.

"Houve uma redução das maiores remunerações frente à crise e, ao mesmo tempo, mantiveram-se as políticas de protecção dos rendimentos daqueles que estão na base da pirâmide social", explicou.

O economista salientou, entretanto, que a distribuição de rendimentos no Brasil ainda é insatisfatória.

"O Brasil precisa de uma acção contínua ao longo dos anos, porque a desigualdade de rendimento do trabalho nas regiões metropolitanas está nove pontos percentuais acima do que seria considerado civilizatório", concluiu.