6.1.15

Desemprego deve estabilizar em níveis ainda elevados

Margarida Peixoto, in Económico on-line

Face a 2014, este ano será melhor. Mas a descida do desemprego deve perder fulgor.

Em 2015, o mercado de trabalho estará melhor, quando comparado com o ano passado. É esta a previsão do Executivo e também de vários economistas e instituições internacionais. Contudo, tal não significa que o desemprego vai continuar a baixar ao mesmo ritmo verificado até agora. O que se espera é antes uma estabilização nos níveis de desemprego, ainda elevados, registados no final do ano passado.

Quando arrancou 2014, a taxa de desemprego estava em 15,1% da população activa, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Em Outubro, o último mês para o qual a informação está disponível, a taxa já tinha recuado para os 13,4%. A importante melhoria fez-se sentir nos bolsos das famílias, que voltaram a aumentar os níveis de consumo.
Contudo, este não deverá ser o ritmo de redução do desemprego a esperar para este ano. É o próprio Governo que antecipa uma taxa anual em torno dos 13,4% - ou seja, os mesmo valores que foram obtidos no final do ano passado.

Os economistas contactados pelo Diário Económico apontam para o mesmo cenário. "Há um sinal de que há uma perda de fulgor" na melhoria do mercado de trabalho, explicou Paula Carvalho, economista do departamento de ‘research' do BPI, quando o INE revelou a taxa mensal de Outubro. Este comportamento do mercado de trabalho coincide com a falta de vigor da recuperação económica. "Ficaremos por volta destes níveis enquanto a economia não ganhar mais dinamismo", antecipou.

João Cerejeira, professor na Universidade do Minho, corroborou a análise, quando contactado também a propósito da subida mensal do desemprego em Outubro, conforme estimado pelo INE. O economista adiantou que o ritmo de melhoria que se tem verificado no emprego "não é sustentável a longo prazo", já que a economia tem crescido pouco. E explicou: "O aumento na quantidade de trabalho é maior do que a produtividade e isso não é sustentável".

Para o próximo ano, João Cerejeira "não esperaria uma queda tão acentuada do desemprego como a observada" ao longo de 2014. "Mas se a economia crescer como previsto, apontaria para a manutenção ou para uma ligeira descida da taxa de desemprego", remata. O Executivo espera que o PIB aumente 1,5% este ano. Historicamente, o mercado de trabalho português só demonstra capacidade significativa de criação de postos de trabalho quando a economia cresce a um ritmo de, pelo menos, 2% ao ano. Mas esta relação poderá ter-se alterado na sequência da crise económica e da introdução de algumas reformas estruturais no mercado de trabalho.