14.1.15

"Liberdade religiosa é um direito humano fundamental"

por Aura Miguel, enviada especial ao Sri Lanka, in RR

Papa Francisco canonizou o primeiro santo do Sri Lanka, numa cerimónia que contou com a presença de 800 mil fiéis.

A liberdade religiosa é um “direito humano fundamental”, declarou esta quarta-feira o Papa Francisco, no Sri Lanka, na cerimónia de canonização do sacerdote goês S. José Vaz.

Em clima festivo, com cantos e danças tradicionais, mais de 800 mil pessoas encheram o grande parque junto ao Índico para a canonização do seu primeiro santo. O exemplo de S. José Vaz foi elogiado pelo Papa.

Conhecido pelo grande apóstolo do Sri Lanka, S. José Vaz nasceu na então Goa portuguesa, no século XVI.

O seu testemunho sobreviveu ao teste do tempo e permanece bem actual. O Papa Francisco explicou porquê: Foi um sacerdote exemplar, que “saiu das periferias” para dar a conhecer Jesus Cristo, num tempo em que “os católicos eram uma minoria e com frequência, dividida no seu seio; em que havia hostilidade ocasional e até mesmo perseguição”.

Em segundo lugar, porque S. José Vaz “mostrou-nos a importância de ultrapassar as divisões religiosas no serviço da paz” e ensinou, com a sua vida que ”a autêntica adoração de Deus não leva à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida e pela dignidade e liberdade dos outros”.

“A liberdade religiosa é um direito humano fundamental. Cada indivíduo deve ser livre de procurar, sozinho ou associado com outros, a verdade, livre de expressar abertamente as suas convicções religiosas, livre de intimidações e constrições externas. Como nos ensina a vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva, não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos”.

Francisco sublinhou ainda um terceiro elemento de actualidade do novo santo: a sua capacidade em “oferecer a verdade e beleza do Evangelho num contexto plurirreligioso, com respeito, dedicação, perseverança e humildade”, qualidades que o Papa considera indispensáveis para a vida dos cristãos de hoje. no Sri Lanka e não só.

Por causa da perseguição religiosa em acto, recordou o Papa, José Vaz “vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite”.

Os seus esforços, salientou Francisco, “deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados. O seu ministério em favor dos enfermos, durante uma epidemia de varíola em Kandy, foi tão apreciado pelo rei, que lhe foi concedida maior liberdade de ministério”, lembrou Francisco no Sri Lanka, país onde os católicos são uma minoria.