27.10.16

Homens e mulheres com igualdade salarial? Só daqui a 170 anos

in Jornal de Notícias

Fim do fosso aumentou do ano 2133 para 2186

A igualdade de género em termos económicos deverá ser atingida dentro de 170 anos, prevê o Fórum Económico Mundial, um retrocesso em relação aos 118 previstos em 2015.

"Ao ritmo atual, e tendo em conta o alargamento da desigualdade desde o ano passado, o fosso só deverá ser fechado dentro de 170 anos", indica o relatório de 2016.

As mulheres ganham, em média, pouco mais de metade do que os homens, apesar de em geral trabalharem mais horas

As projeções baseadas em dados do relatório sobre as diferenças globais entre géneros de 2015 indicavam que o fosso poderia fechar-se dentro de 118 anos (em 2133). No entanto, este processo inverteu-se desde então e o período aumentou para 170 anos (2186).

O Fórum Económico Mundial, que analisa fatores como educação, saúde e sobrevivência, oportunidades económicas e participação política, revela que globalmente a igualdade se situa nos 68%, mas em termos económicos a percentagem de paridade desce para os 59%, uma proporção que, ainda assim, é a melhor desde 2008.

Segundo o relatório de 2016, divulgado esta quarta-feira de madrugada, as mulheres ganham, em média, pouco mais de metade do que os homens, apesar de em geral trabalharem mais horas.

O número de mulheres em postos de responsabilidade também se mantém baixo: apenas quatro países em todo o mundo têm o mesmo número de homens e mulheres a exercerem a função de deputados, funcionários de alto nível e diretores, apesar de 95 países terem atualmente tantas mulheres como homens com formação universitária.

A educação é a área em que mais se avançou, com o Fórum Económico Mundial a atribuir-lhe 95% em termos de igualdade. Apesar de uma ligeira deterioração, saúde e sobrevivência contabilizam 96%.

"Dois terços dos 144 países incluídos no relatório deste ano podem gabar-se de ter acabado completamente com a desigualdade de género no que toca à proporção de géneros no nascimento, enquanto mais de um terço fez fechar o fosso totalmente em termos de esperança de vida saudável", destaca o relatório.

Os quatro primeiros lugares, em termos de igualdade de género: Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia

O setor em que a diferença de género é mais pronunciada, o empoderamento político, é também aquele em que se verificaram mais desenvolvimentos desde que o Fórum Económico Mundial começou a medir a desigualdade de género, em 2006.

Nesta área, a igualdade de género situa-se agora em 23%, mais 1% que em 2015 e quase 10% mais elevado que em 2006 - segundo o método do Fórum, quanto mais elevada a percentagem, menor a desigualdade.

No entanto, as melhorias acontecem tendo pontos de partida muito reduzidos: apenas dois países alcançaram paridade parlamentar e apenas quatro em cargos ministeriais.

O Fórum salienta que há "países que começam a disputar a tradicional hegemonia das nações nórdicas no 'ranking' da igualdade de género".

Na lista de 144 nações, Portugal fica em 31.º lugar

Apesar de os quatro primeiros lugares, em termos de igualdade de género, pertencerem à Islândia, Finlândia, Noruega e Suécia, o quinto país mais bem colocado no índice global é o Ruanda, que ultrapassa a Irlanda, em sexto lugar.

Na lista de 144 nações, Portugal fica em 31.º lugar, mas desce de posição nos índices de participação e oportunidade económica (46.º), formação académica (63.º), saúde e sobrevivência (76.º) e empoderamento político (36.º).

Após a Europa e a América do Norte, a região com maior igualdade de género é a América Latina e o Caribe, com 70%, bem como a Europa de Leste e a Ásia Central.

A Ásia Oriental e o Pacífico conseguiram 68% de igualdade de género.

Quatro países da África Subsariana - Ruanda (5.º), Burundi (12.º), Namíbia (14.º) e África do Sul (15.º) - encontram-se nos primeiros 20 lugares, colocando a região na segunda posição, atrás da Europa Ocidental.

A região pior situada (com 61% de igualdade de género) é o Médio Oriente e o Norte de África.