in Jornal de Notícias
Papa escreveu a Angela Merkel para lembrar à União Europeia e ao G8 o drama da pobreza no Mundo
Bento XVI defende que a eliminação da pobreza constitui "uma das tarefas mais importantes do nosso tempo". Era o que dizia na carta que escreveu à chanceler da Alemanha, Angela Merkel, por ocasião da presidência alemã da União Europeia (UE) e da próxima cimeira do G8 (os oito países mais ricos do Mundo), que irá decorrer, em Junho, naquele país. Ao escrever a carta, segue uma nova modalidade "diplomática".
Sugere "condições comerciais favoráveis" para os países pobres, incluindo "um acesso amplo e sem reservas ao mercado", bem como o perdão "completo e incondicional" da dívida externa.
A missiva foi divulgada pela Santa Sé, juntamente com a resposta de Merkel. Para Bento XVI, é fundamental que não se perca de vista o problema da pobreza e se coloque o continente africano "no centro das negociações políticas internacionais".
"Pessoas de diferentes religiões e culturas de todo o Mundo estão convencidas de que o objectivo de eliminar a pobreza até 2015 é um dos mais importantes do nosso tempo", refere o Papa. Permitir que os países mais pobres se desenvolvam de uma forma cada vez mais interligada com os países ricos, no processo da globalização, é para Bento XVI "um dever moral, grave e incondicional, baseado sobre a pertença comum à família humana".
A carta apela aos países ricos para que assumam os seus compromissos no âmbito da ajuda ao desenvolvimento, pedindo um maior investimento "no campo da pesquisa e do desenvolvimento de fármacos para o tratamento da sida, da tuberculose, da malária e de outras doenças tropicais". Entre os outros pedidos do Papa à comunidade internacional estão uma redução significativa do comércio de armas, um combate ao "tráfico ilegal de matérias-primas" e da fuga de capitais dos países pobres, bem como da "lavagem de dinheiro".
A chanceler Angela Merkel, respondeu com um agradecimento pelo apoio do Papa aos esforços alemães nessa matéria. Assegura a sua disposição de levar por diante o diálogo com os países "emergentes" a respeito das soluções para "os problemas globais".