Carla Sofia Martins, in Jornal Público
Plano estratégico aponta para projectos em cinco eixos fundamentais, destinados a converter as duas regiões num espaço comum atractivo para viver, investir e trabalhar
A Comunidade de Trabalho Galiza-Norte de Portugal aprovou ontem, em Guimarães, o plano estratégico de cooperação da euro-região para 2007-2013, que aponta a inovação, o ambiente, as acessibilidades e a coesão social e institucional como os principais objectivos prioritários de acção.
Do documento de intenções constam projectos como o futuro comboio de ligação entre Porto e Vigo (ver Economia) e uma candidatura conjunta à UNESCO para classificação do Parque Nacional da Peneda Gerês/Parque do Xurês como Reserva Internacional da Biosfera, mas, na prática, o plano implica a aplicação de cerca de 97 milhões de euros nos próximos seis anos.
Paulo Gomes, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte, que apresentou o plano, classificou-o como "o início de um novo ciclo de cooperação inter-regional e interterritorial" que pretende cumprir o desígnio de converter a região num espaço atractivo para "viver, investir e trabalhar".
O documento aponta como principais prioridades o impulso aos sistemas de transportes e acessibilidades, a cooperação no âmbito do mar, a competitividade das pequenas e médias empresas, a protecção ambiental e o fomento da cooperação social e institucional. Além da ligação ferroviária a Vigo, estão em causa actuações no eixo interior Lugo-Ourense-Chaves-Bragança-Vila Real-Régua, bem como as ampliações dos portos e aeroportos; a valorização e planificação nas bacias dos rios internacionais comuns (Lima, Tâmega e Minho), a criação de redes institucionais entre empresas ou a promoção de consórcios tecnológicos.
Para o presidente da Junta da Galiza e da Comunidade de Trabalho, Emílio Touriño, o plano "pretende criar um espaço transnacional, inter-regional e transfronteiriço de cooperação que integre as particularidades das duas regiões e dos seus aspectos políticos e institucionais", mas deve, igualmente, ser um instrumento de desenvolvimento territorial onde os projectos se devem efectivar.
Touriño realçou a criação de uma rede de áreas logísticas transfronteiriças como exemplo a concretizar, assim como a realização das dez medidas ambientais que constam do programa, nomeadamente o desenvolvimento sustentado das áreas protegidas, a prevenção de riscos naturais e a criação de uma rede de caminhos naturais que começam em Braga e se estendem até Lobios, em Ourense.
Para o presidente da CCDR, Carlos Laje, "abre-se um novo ciclo e o Norte, apesar das dificuldades, é um território de oportunidade". Utilizando adjectivos como "ambicioso" para classificar o plano estratégico que, ainda assim, considerou "ter uma dotação financeira reduzida", Lage mostrou-se optimista, salientando que os próximos anos servirão para "desencravar a Região Norte", que, assim, ultrapassará a sua "fase negra" e permitirá "compatibilizar-se" com o desenvimento da Galiza dos últimos anos.
A Galiza e a Região Norte de Portugal estão a trabalhar em conjunto para apresentar, em 2008, uma candidatura conjunta à UNESCO para classifcar o Parque Nacional da Peneda Gerês/Parque do Xurês como Reserva Internacional da Biosfera. A candidatura, que implica a criação de centros de interpretação e recuperação do património, está já em processo de acompanhamento e deverá ser formalizada durante as celebrações do aniversário do PNPG, em Maio do próximo ano.