Carlos Pessoa, in Jornal Público
Maioria preferia voltar a ter o escudo como moeda, revela inquérito para think tank britânico
Dois terços dos portugueses são favoráveis à realização de um referendo sobre o novo Tratado da União Europeia (UE), revela um inquérito realizado pelo instituto TNS para o grupo de reflexão britânico Open Europe.
Os resultados da sondagem mostram que 64 por cento dos portugueses são a favor da realização de um referendo sobre o futuro Tratado da UE. Este valor está mais de dez pontos abaixo da média dos 27 Estados-membros (75 por cento) que querem pronunciar-se sobre o novo tratado europeu. O inquérito foi realizado entre 13 e 20 de Março último, por telefone, a 499 residentes em Portugal maiores de 18 anos.
Outra pergunta permite constatar que 44 por cento dos inquiridos portugueses tenciona votar favoravelmente no caso de haver referendo, enquanto 29 por cento são contra e cinco por cento dizem que não irão votar. A média europeia é de 41 por cento a favor do voto, 41 por cento contra e cinco por cento não quer votar.
Na União Europeia, os irlandeses são os maiores defensores da realização de uma consulta popular (87 por cento das respostas obtidas). Em contrapartida, os cidadãos eslovenos são os que menos defendem a realização de um referendo sobre o Tratado Constitucional (apenas 55 por cento).
Recorde-se que a realização de um referendo em Portugal ao novo Tratado Constitucional foi apoiada pelo actual primeiro-ministro, José Sócrates, durante a campanha eleitoral para as legislativas de 2005. Na passada quarta-feira, em Riga, capital da Letónia, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, exprimiu-se contra a realização de um referendo em Portugal sobre a próxima revisão do Tratado da União Europeia. Na mesma ocasião, declarou-se abertamente a favor da ratificação do futuro tratado pelo Parlamento português, sem recurso a um referendo popular.
A opinião dos portugueses acerca da moeda única foi outra pergunta feita na mesma sondagem. De acordo com as respostas obtidas, seis em cada dez portugueses (60 por cento) preferiam voltar a ter o escudo como moeda em vez do euro. Apenas 31 por cento dos inquiridos estão satisfeitos com o euro.
Aquele valor só é ultrapassado pelo resultado registado na Grécia, onde 70 por cento dos inquiridos disseram querer voltar a usar dracmas. A insatisfação dos portugueses com o euro está acima da média dos 13 países da zona euro - que é de 49 por cento -, seguida pela dos alemães (54 por cento) e dos espanhóis (51 por cento).
Os europeus mais satisfeitos com o euro são os irlandeses (77 por cento), seguindo-se os da Eslovénia - que aderiu em Janeiro último à moeda única -, Luxemburgo e Finlândia (todos com 59 por cento). O euro foi lançado oficialmente em 1999, no cumprimento da terceira fase da União Económica e Monetária, e entrou em circulação em 2002.