Andreia Sanches, in Jornal Público
Conceber "um modelo de expansão" das ofertas educativas destinadas às crianças até aos três anos de idade e analisar qual é a melhor forma de alargar a escolaridade obrigatória - estes são os dois grandes desafios, nas palavras da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, para os próximos dois anos de legislatura. E foi isso, no essencial, que foi ontem dizer ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Para já, diz, "não é ainda o momento" de decidir.
E não é momento, explicou, porque antes de se pensar no alargamento da escolaridade obrigatória - ou da formação obrigatória, "porque também há essa possibilidade" - é preciso criar condições para que isso possa acontecer. Não está tão-pouco decidido se o que se pretende é uma escolaridade ou formação obrigatória até aos 18 anos de idade ou de 12 anos de frequência.
"Até ao ano passado a oferta predominante era orientada para o prosseguimento de cursos, sendo que nem todos os jovens querem prosseguir cursos", justificou a ministra. Ou seja, só é possível obrigar os jovens a permanecer no sistema se houver "ofertas formativas que correspondam às suas necessidades e expectativas". Este ano as escolas disponibilizaram 500 novas formações de carácter vocacional e profissional. A ideia é alargar ainda mais o leque. Só depois "se pode definir em que condições passará a ser obrigatória" a permanência dos jovens no ensino ou na formação. Certo, garantiu aos jornalistas à saída do CNE, é que até ao final da legislatura, tal como está no programa do Governo, esse alargamento deverá concretizar-se.
Lurdes Rodrigues não anunciou novidades aos conselheiros, mas aproveitou para explicar que até Junho será constituído um novo órgão que, pela primeira vez, representará as escolas do país. O Conselho de Escolas, tal como está na lei orgânica do ministério, será formado por 60 presidentes de conselhos executivos eleitos pelos colegas e tem como missão dar parecer sobre políticas relevantes para os respectivos níveis de escolaridade. "Acabámos de nomear a primeira comissão eleitoral", que organizará as eleições para aquela que será a primeira presidência deste conselho, anunciou a governante.
A comissão eleitoral é composta por "professores, na maior parte aposentados, com grande experiência como presidentes de conselhos executivos" e é presidida pela docente Albertina Mateus.
Ontem foi ainda apresentado um estudo de avaliação do ensino artístico que está há cerca de um mês em discussão pública e onde se propõe uma verdadeira "refundação" do ensino artístico especializado. Hoje os alunos podem ter aulas nas escolas regulares e, ao fim do dia, aprender música e um instrumento numa escola de ensino artístico especializada. É o sistema de ensino supletivo. A ministra quer que a regra passe a ser o ensino integrado ou articulado - que a formação específica, da dança ou da música, seja feita no mesmo local em que se têm as outras disciplinas. As mudanças, prometeu depois, "serão feitas ao ritmo das escolas".
O Conselho de Escolas estará a funcionar até ao fim de Junho, garantiu a ministra Maria de Lurdes Rodrigues