15.4.07

Portugal com índices de desigualdade sem paralelo na UE

B.S., in Jornal Público

Os pobres portugueses estão mais pobres e a distância que os separa dos ricos é muito maior do que nos outros países europeus. Este fosso "já era dos mais altos da União Europeia; os dados que temos neste momento (e que estão em revisão pelo Instituto Nacional de Estatística) permitem suspeitar de que essa situação se agravou", resume Carlos Farinha Rodrigues.

Professor do Instituto Superior de Economia e Gestão e investigador do Centro de Investigação sobre Economia Portuguesa, Carlos Farinha Rodrigues apresentou ontem, no primeiro painel da conferência promovida pela Presidência da República, um estudo sobre distribuição do rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal.

Números do Eurostat relativos a 2005 permitem constatar que "Portugal tem o índice de desigualdade mais elevado de toda a Europa". E a distância que separa o rendimento médio dos 20 por cento mais pobres do rendimento médio dos 20 por cento mais ricos está bastante acima da média comunitária. "Isto significa", explica o investigador ao PÚBLICO, que "o rendimento médio dos indivíduos lá em cima é oito vezes [8,2] o dos indivíduos cá de baixo". Na União Europeia é 4,9.

E que efeito redutor da pobreza têm tido, no país, as políticas sociais? "Claramente inferior à média comunitária", constata Carlos Farinha Rodrigues. No conjunto da UE, as "transferências sociais" (rendimento mínimo, abonos de família...) permitiram reduzir a taxa de pobreza de 26 para 16 por cento; em Portugal só permitiram passar de 26 para 20 por cento".

O economista Daniel Bessa, ex-ministro da Economia do Governo de António Guterres, que moderava o painel, disse-se "esmagado" por estas conclusões.