18.4.07

Famílias do Bacelo revoltadas

R.P., in Jornal de Notícias

A comunidade cigana que vivia num acampamento na Rua do Bacelo, no Porto, demolido no mês passado, está indignada com o que classificam de "perseguição" por parte da Polícia Municipal portuense.

"Esta manhã [ontem],os agentes estiveram no Bacelo e ameaçaram rebocar-nos as carrinhas se não as tirássemos até amanhã [hoje] às 14 horas da tarde. Não há direito. Aquilo é um parque de estacionamento público e só por perseguição é que eles nos estão a fazer isto", lamentou, ao JN,. Vera Augusto.

A comunidade, obrigada a sair às oito horas das pensões onde foram colocadas e sem sítio para onde ir durante o dia, regressa ao Bacelo, "até porque os parque de estacionamento são muito caros" e volta "à noite para dormir".

Diferente entendimento têm os antigos vizinhos do Bacelo, que se terão queixado de que a comunidade "montou" acampamento nas carrinhas, onde dormem e cozinham.

"É mentira. Só a Glória lá dorme, porque saiu do hospital na sexta-feira e a Segurança Social não lhe arranjou sítio para ficar. Aliás, tinham-nos prometido transporte para o nossos filhos, lavagem das roupas e alimentação, entre outras coisas, e não estão a fazer nada disso. Abandonaram-nos", sublinhou, ainda, Vera Augusto.

Por outro lado, as famílias que, durante 20 anos, viveram no acampamento estão a ter "formação" na Fundação Porto Social, na Quinta de Bonjóia, tendente a prepará-las para o alojamento em habitações camarárias. "Dá-me vontade de rir. Eu não preciso de formação. Sei viver numa casa. Não preciso que me digam que tenho de tomar banho ou que não posso fazer barulho durante a noite", concluiu Vera Augusto.