Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias
Os imigrantes oriundos de países exteriores à União Europeia correm mais o risco de ser pobres do que a sociedade maioritária em que vivem, segundo um estudo que comparou a realidade de 14 países, entre os quais Portugal. Aqui, no entanto, ocorre um fenómeno distinto daquele que foi constatado em outros parceiros o risco de pobreza entre dois tipos de imigrantes (de dentro da UE ou de fora dela) situa-se até um pouco abaixo daquele a que está exposto quase um quarto da população portuguesa.
É uma diferença mínima, mas pode depreender-se dos resultados deste estudo que o conjunto dos imigrantes em Portugal corre um risco idêntico de pobreza, se comparado com a população que cá nasceu e à qual está atribuída a nacionalidade. Esta última cifra ronda os 22% e equivale a dizer que uma correspondente faixa de portugueses vive apenas com 60% do rendimento médio nacional. No caso do conjunto dos migrantes em Portugal, sejam eles provenientes da UE ou de fora dela, o risco de pobreza ronda os 21%.
Nos 14 países analisados há um fosso nítido, em alguns casos, entre a condição económica dos imigrantes oriundos de países da União Europeia e aqueles que precedem de países exteriores a ela. Isso é mais marcante na Bélgica, França, Luxemburgo e na Noruega, sendo de notar que este último país não se encontra no grupo dos actuais 27. Na Bélgica, mais de metade daqueles que não têm cidadania da UE vivem na pobreza. Em França e no Luxemburgo essa faixa chega aos 45%. Noutros países, um em cada três migrantes de fora da U E está em risco de pobreza. Em alguns casos, como na Bélgica, França, Luxemburgo, Finlândia e Suécia, a situação dos imigrantes é duplamente desvantajosa a pobreza atinge muitos deles e o grau desta é mais acentuado do que a média entre a população autóctone.
A Dinamarca é o país em que os níveis de pobreza são mais baixos entre a população nacional e entre os imigrantes. Mas o estudo realça a situação de Portugal, referindo que aqui "os migrantes não são mais desfavorecidos que a população local". Esta contabilidade refere-se não só aos imigrantes de fora da UE, como aos comunitários. A situação é idêntica na Estónia, mas sobre este país não são apresentados números relativos à migração vinda de fora dos 27.
Os migrantes do seio da UE têm níveis de pobreza mais baixos ou idênticos aos das populações nacionais nos casos da Dinamarca, Grécia, Irlanda, Noruega e Portugal. Já a Áustria mostra uma realidade diferente a pobreza entre as pessoas nascidas na UE é quase o dobro da que ocorre entre os não-migrantes.