Daniela Adónis Carneiro e Mariana Oliveira, in Jornal Público
São 11h da manhã de sexta-feira, último dia para os beneficiários de prestações sociais prestarem prova de rendimentos, e na delegação da Segurança Social do Areeiro já foram distribuídas 515 senhas. Mas nem todos querem informações sobre as condições de recurso da prestação.
Maria Rocha, empregada doméstica, solteira e mãe de três crianças, veio queixar-se dos atrasos no abono, que este mês não chegou. "O abono é uma coisa que nos ajuda mesmo", desabafa.
Isabel Maia, 43 anos, dois filhos, espera numa delegação no Porto. E queixa-se do mesmo: em Dezembro não recebeu abono e até agora não lhe enviaram qualquer aviso a explicar porquê. Há três meses que está desempregada e, por isso, todos os tostões são bem-vindos, incluindo os 50 euros do abono dos filhos.
Berta Amado, 27 anos, repete a história. Perdeu o rendimento social de inserção que lhe garantia 45 euros por mês e agora faltam-lhe os 35 euros do abono do filho de seis anos. Acredita que o problema está relacionado com a prova de rendimentos, já que o sistema informático não a deixou entregar o impresso. "Tento preencher a declaração e diz-me que já está feita. O meu ex-companheiro preencheu primeiro a dele e, apesar de nos ter retirado do seu agregado, o sistema dá um erro", conta Berta Amado, que vem pela segunda vez protestar.
À espera está também Carlos Rigueiro, de 56 anos. Desempregado desde Março, solicitou a atribuição do subsídio de desemprego em Junho, mas ainda aguarda a apreciação do seu caso.
O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social garante que não há atrasos generalizados no pagamento das prestações sociais, mas admite que, em virtude da entrada em vigor da lei da Condição de Recursos, "podem existir casos pontuais relativos a rendimentos com maior dificuldade de verificação e cujo deferimento exige um trabalho mais detalhado e cuidado por parte dos serviços".