in Agência Ecclesia
Caritas tem apresentado «sucessivas propostas» ao Governo sem obter resposta
A escassez alimentar, a falta de condições habitacionais e o “enfraquecimento da auto-estima” têm “consequências cognitivas” no crescimento das crianças, gerando dificuldades formativas e impedindo a “quebra do ciclo de pobreza”, diz o presidente da Caritas Portuguesa.
Eugénio Fonseca explicou à Agência ECCLESIA que a Igreja Católica em Portugal quer identificar os quadros de pobreza que estão a afectar as crianças e por isso desafiou “todas as comunidades e dioceses” a participar no projecto «Prioridade às Crianças», apresentado este Sábado, 29 de Janeiro.
O desafio, explicou o responsável, é continuar a “sinalizar nas paróquias uma pessoa que funcione como antena e identifique os problemas que possam existir nas crianças”.
O presidente da Caritas está convencido que só é possível “resolver as situações e respeitar os direitos das crianças” mediante a formação da “consciência das comunidades cristãs”, objectivo que deve ser concretizado em articulação com os sectores paroquiais da família, apoio social e catequese.
A Caritas, através do seu núcleo de Observação Social, tem identificado problemas e apresentado “sucessivas propostas ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade” mas sem obter qualquer resposta.
“Não temos eco das propostas que fazemos. Não sabemos se são consideradas válidas e, se não são, porque é que não o são”.
Eugénio Fonseca afirma que as sugestões formuladas “não pedem recursos materiais”, mas assentam na “reorganização de serviços e na instalação de dinamismos de voluntariado para detectar e solucionar problemas sociais”.
“Nós vamos dentro de pouco tempo voltar a escrever à responsável do Ministério para lhe lembrar, mais uma vez, as propostas em cima da mesa, porque enquanto não nos disserem que não têm cabimento, nós acreditamos nelas e vamos avançar”.
Presente no encontro, o presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro, afirmou estar “preocupado” com a situação da pobreza das crianças mas “não desesperançado”.
“As comunidades e as instituições têm cada vez mais sensibilidade para a protecção das crianças e não vão deixar que sofram excessivamente com a crise”, refere o também juiz conselheiro.
Confrontado com os dados do aumento da pobreza, Armando Leandro considerou que a pobreza infantil é um “desafio para todos”.
“Penso que apesar de todas as dificuldades nesta fase de crise, se reunirmos esforços, podemos evitar que as crianças estejam num situação de pobreza excessiva”.