31.1.11

O voluntariado já chegou ao Facebook, uma estratégia para captar cada vez mais jovens

Por Daniela Adónis Carneiro, in Jornal Público

A propósito do Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome e da Entrajuda, lança esta semana o Volunteerbook, uma plataforma que utiliza a base de dados da Bolsa de Voluntariado e que vai correr directamente no Facebook.

"Ser voluntário é um comprometimento perante a sociedade", diz Isabel Jonet. As cerca de 17 mil pessoas e 700 empresas que já se inscreveram na Bolsa de Voluntariado, desde que o site foi criado há cinco anos, levam esse compromisso muito a sério.

O espírito solidário dos portugueses parece estar bem vivo. Na última campanha do Banco Alimentar Contra a Fome, realizada em Novembro de 2010, o número de voluntários foi o mais elevado de sempre. A presidente da instituição tem uma explicação: "Em tempos de crise, verifica-se um recrudescimento da generosidade".

Constatando que os portugueses têm uma grande vontade de ajudar, Isabel Jonet decidiu fazer uso da popularidade das redes sociais entre os jovens para captar voluntários mais novos e promover o voluntariado como "uma maneira de viver". O projecto tem a parceria do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, do Instituto Português da Juventude e da Federação Nacional das Associações Juvenis.

Contando com a colaboração do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Volunteerbook facilitará o estudo do fenómeno do voluntariado em Portugal. Segundo estatísticas disponíveis no site da Entrajuda, actualmente a Bolsa de Voluntariado é composta maioritariamente por jovens adultos e com elevadas qualificações.

Entusiasmada, Isabel Jonet descreve o Volunteerbook numa palavra: "sonho". "O site vai permitir dar visibilidade às ideias e ao trabalho de pessoas anónimas", diz.

No Volunteerbook, cada potencial voluntário inscreve-se e detalha onde e em que áreas pretende ajudar. As organizações, por seu lado, publicitam as suas oportunidades de voluntariado, têm os interessados a concorrer directamente e seleccionam o que mais lhes convém. A Entrajuda, entidade que coordena a bolsa, actua como mediadora, certificando que nenhuma instituição age de forma menos solidária.

Graças à georreferenciação da oferta e da procura é fácil conciliar a localização dos voluntários com as instituições que precisam de apoio. Cada amigo pode depois convidar mais amigos, partilhar ligações e até usar facebookcredits - o dinheiro virtual existente, por exemplo, no jogo Farmville - para ajudar financeiramente as IPSS.

"O projecto tem também um potencial estatístico muito interessante. E, por isso, convidámos o INE a integrar a plataforma e a partir daqui estudar o voluntariado em Portugal", revela Isabel Jonet. Pedro Ferraz, gestor de projetos na área da informática, actualmente no desemprego, é o responsável pela rede social voluntária. Enquanto vai a entrevistas de emprego desenvolve o Volunteerbook. "Queremos também trazer as empresas para a plataforma. Vai ser possível publicitarem as suas práticas de responsabilidade social e promoverem o voluntariado junto dos colaboradores". explica.

Actualmente, a Bolsa de Voluntariado é maioritariamente composta por jovens adultos, com elevadas qualificações. Quanto a áreas de especialidade, lideram os professores (mais de mil) e abundam psicólogos, engenheiros, gestores, informáticos, economistas e enfermeiros. As mulheres dominam.