in Jornal de Notícias
Os democratas-cristãos alemães da chanceler Angela Merkel querem compensar a falta de quadros técnicos na Alemanha atraindo jovens de Portugal e Espanha para o mercado de trabalho germânico.
A notícia foi dada hoje, sábado, pela edição online do semanário "Der Spiegel". Segundo a publicação, os planos teriam sido gizados recentemente por um grupo de políticos conservadores.
"No sul e no leste da Europa há muitos jovens desempregados que procuram urgentemente trabalho", disse ao "Der Spiegel" o vice-presidente do grupo parlamentar democrata-cristão, Michael Fuchs.
O plano de atrair jovens portugueses qualificados merece as preferências da principal força política do governo sobretudo para trabalhadores entre os 27 países membros, de acordo com o semanário alemão.
"É melhor ir buscar força de trabalho à Europa do que ter de mudar de novo a lei de imigração para permitir a entrada de pessoas de outras regiões", justificou Max Straubinger, dirigente político da União Social Cristã (CSU) da Baviera.
O mesmo responsável sugeriu que o governo federal apoie iniciativas de angariação de quadros técnicos ibéricos.
O "Der Spiegel" revela ainda que a chanceler Angela Merkel também se mostrou aberta à ideia, e que o tema estará na agenda das próximas consultas entre os governos alemão e espanhol.
Na Alemanha existem quase sete milhões de imigrantes, um terço dos quais oriundos da Turquia, de longe o país com a maior comunidade estrangeira.
Actualmente vivem na Alemanha cerca de 116 mil portugueses, e nos últimos tempos têm chegado a este país muitos jovens académicos que têm dificuldades em encontrar colocação em Portugal, à procura de oportunidades na maior economia europeia, e normalmente têm êxito.
A grande vaga de imigração portuguesa para a Alemanha ocorreu nos anos 70 do século passado, ao abrigo de acordos bilaterais de angariação de mão de obra assinados entre os governos dos dois países, numa altura em que a Alemanha carecia sobretudo de mão de obra qualificada.
Actualmente, porém, falta sobretudo pessoal altamente especializado em vários ramos de actividade ao maior país da União Europeia, cujo desemprego tem vindo a diminuir progressivamente, e se situa agora na casa dos 7%.
A falta de quadros é agravada pelo chamado factor demográfico, porque a população alemã tem vindo a envelhecer muito rapidamente, devido à redução dos nascimentos nas últimas décadas.