Nenhuma ilha é feita apenas de casas. Jorge Ferreira imortalizou as ilhas do Bonfim – os edifícios, sim, mas principalmente as pessoas. A exposição “As ilhas são as pessoas” é o resultado disso.
“Nenhum homem é uma ilha”, dizia John Donne. E nenhuma ilha é feita apenas de casas, acrescenta o fotógrafo Jorge Ferreira, que imortalizou as ilhas do Bonfim – os edifícios, sim, mas principalmente as pessoas. A exposição “As ilhas são as pessoas” é o resultado disso.
“Apesar de estes serem locais que no passado tiveram uma conotação negativa associada, não há motivo para serem esquecidos no presente, fazem parte da cidade do Porto”, explica em entrevista ao P3. “Em breve, muitos destes espaços vão deixar de existir, por isso acho importante preservar a memória destas pessoas e o património humano aqui presente.”
Ainda existem 953 ilhas no Porto, entre elas as do Bonfim, inspiração para este projecto. Jorge Ferreira passou cerca de um ano e meio aqui, a recolher histórias, a fazer fotografias. “Eu acredito que a essência destes lugares são mesmo as pessoas e o seu sentido de comunidade”, explica, por isso quis dedicar tanto tempo à recolha.
O que o cativou imediatamente foram os percursos das pessoas que encontrou, como o de Óscar Loureiro, residente numa ilha que ganhou o seu nome: “ilha do Óscar”. Oficialmente é mecânico – mas, aos 84 anos, ainda dedica as horas livres a treinar para as maratonas Os troféus e as medalhas não o deixam mentir.
À história de Óscar junta-se a das duas vizinhas que se abraçam depois de uma semana sem se verem, ou a de Fernando, que faz as cascatas de São João.
A exposição está disponível no Salão Nobre da Junta de Freguesia do Bonfim até 12 de Maio, com entrada gratuita.
Texto editado por Inês Chaíça