in Diário Notícias
Emigração. Cidade francesa acolhe agregados com filhos em idade escolar
Casais com filhos pedem cada vez mais ajuda ao consulado português
O consulado de Portugal em Lyon tem registado um aumento da chegada de famílias portuguesas sem trabalho contratado à procura de melhores condições de vida naquela cidade francesa, um "fenómeno recente" que se acentuou ao longo do ano de 2008.
"O modelo de emigração dominante continua a ser o dos trabalhadores sazonais, mas no último ano têm aparecido mais famílias inteiras que nos solicitam apoio para encontrar emprego, alojamento e escola para as crianças", revelou à agência à Lusa o cônsul-geral de Portugal na cidade de Lyon, Joaquim Pereira de Lemos.
Este ano, a Cité Internationale de Lyon - uma escola que possui uma secção lusófona - acolheu uma dezena de crianças portuguesas que chegaram já depois do início do ano lectivo. No entanto, como o ensino é bilingue, as crianças portuguesas recém-chegadas do País, têm mais hipóteses de passar de ano do que numa escola pública francesa convencional.
Esta é a convicção de Fátima Nunes, 35 anos, que chegou a Lyon em Outubro de 2008, com o companheiro, Rui Duarte, 28 anos, e o filho de 12 anos. "Pensei que ele iria perder o ano, mas tivemos sorte por ter encontrado vaga na escola internacional", disse à Lusa.
O casal, de Setúbal, chegou a Lyon sem trabalho e vive em casa de um familiar. Rui Duarte tem o 12.º ano, trabalhava como operador de gruas em Portugal e está satisfeito por ter encontrado trabalho rapidamente. "Ganhava 700 euros, como gruista, agora ganho 1370 euros a colocar tectos falsos", frisou, acrescentando que ali é possível evoluir na profissão: "Em Portugal as oportunidades são muito limitadas, trabalha-se mais e ganha-se menos."
Para Fátima Nunes, ainda sem trabalho em Lyon, a emigração é também uma forma de abrir novos horizontes. "Pensei que conviver com uma nova cultura iria ser bom para o meu filho", referiu.
Fátima Nunes, que completou o 9.º ano e trabalhava em Portugal como auxiliar de acção educativa, tem esperança de poder evoluir profissionalmente naquela cidade francesa. "Agora vou procurar trabalho nas limpezas e depois vou tentar os infantários", disse.
Para justificar o optimismo, cita o caso da irmã, Maria, em Lyon há um ano: "Aos 43 anos veio fazer uma formação na área da construção civil. Hoje, trabalha como pedreira e tem óptimas condições." Em Portugal, disse, " uma mulher não poderia ser pedreira".


