11.1.09

Mais famílias portuguesas pedem trabalho em Lyon

in Diário Notícias

Emigração. Cidade francesa acolhe agregados com filhos em idade escolar

Casais com filhos pedem cada vez mais ajuda ao consulado português


O consulado de Portugal em Lyon tem registado um aumento da chegada de famílias portuguesas sem trabalho contratado à procura de melhores condições de vida naquela cidade francesa, um "fenómeno recente" que se acentuou ao longo do ano de 2008.

"O modelo de emigração dominante continua a ser o dos trabalhadores sazonais, mas no último ano têm aparecido mais famílias inteiras que nos solicitam apoio para encontrar emprego, alojamento e escola para as crianças", revelou à agência à Lusa o cônsul-geral de Portugal na cidade de Lyon, Joaquim Pereira de Lemos.

Este ano, a Cité Internationale de Lyon - uma escola que possui uma secção lusófona - acolheu uma dezena de crianças portuguesas que chegaram já depois do início do ano lectivo. No entanto, como o ensino é bilingue, as crianças portuguesas recém-chegadas do País, têm mais hipóteses de passar de ano do que numa escola pública francesa convencional.

Esta é a convicção de Fátima Nunes, 35 anos, que chegou a Lyon em Outubro de 2008, com o companheiro, Rui Duarte, 28 anos, e o filho de 12 anos. "Pensei que ele iria perder o ano, mas tivemos sorte por ter encontrado vaga na escola internacional", disse à Lusa.

O casal, de Setúbal, chegou a Lyon sem trabalho e vive em casa de um familiar. Rui Duarte tem o 12.º ano, trabalhava como operador de gruas em Portugal e está satisfeito por ter encontrado trabalho rapidamente. "Ganhava 700 euros, como gruista, agora ganho 1370 euros a colocar tectos falsos", frisou, acrescentando que ali é possível evoluir na profissão: "Em Portugal as oportunidades são muito limitadas, trabalha-se mais e ganha-se menos."

Para Fátima Nunes, ainda sem trabalho em Lyon, a emigração é também uma forma de abrir novos horizontes. "Pensei que conviver com uma nova cultura iria ser bom para o meu filho", referiu.

Fátima Nunes, que completou o 9.º ano e trabalhava em Portugal como auxiliar de acção educativa, tem esperança de poder evoluir profissionalmente naquela cidade francesa. "Agora vou procurar trabalho nas limpezas e depois vou tentar os infantários", disse.

Para justificar o optimismo, cita o caso da irmã, Maria, em Lyon há um ano: "Aos 43 anos veio fazer uma formação na área da construção civil. Hoje, trabalha como pedreira e tem óptimas condições." Em Portugal, disse, " uma mulher não poderia ser pedreira".