Norte promete combater crise com aeroporto

Carla Soares, in Jornal de Notícias

Empresários exigem abertura de concurso próprio e Carlos Lage sai em defesa de uma gestão autónoma

A necessidade de combater a crise nacional a partir do Norte foi, ontem, o trunfo lançado pelos empresários para exigir que o aeroporto Francisco Sá Carneiro tenha gestão própria. Também Carlos Lage sai em defesa de um modelo autónomo.

Do encontro entre quatro dezenas de associações empresariais da região, no Palácio da Bolsa, novas cartas saíram com destino ao primeiro-ministro, reclamando que o aeroporto nortenho não fique subjugado aos interesses do novo aeroporto de Lisboa, num contexto de privatização da ANA. E não faltaram críticas à falta de resposta de José Sócrates.

O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), José António Barros, destacou que a conjuntura não é a mesma que era quando começaram a discutir esta questão. E "o problema que, até agora, tinha a ver com a coesão do Norte, passa a ser um problema nacional". Isto porque a região será, "mais uma vez", aquela que "terá capacidade para dar a volta à situação económica do país". E se, antes, "havia uma teimosia entendível, ela agora pode tornar-se perigosa", adverte, apontando o dedo a Sócrates.

A recuperação da economia nacional "passa pela produção e exportação dos bens transaccionáveis e só nesta região é que isso acontece", explicou o presidente da AEP, destacando que o aeroporto é fundamental para essa exportação e contactos comerciais.

Também o economista Alberto Castro recordou que "Portugal nunca conseguiu superar crises quando o Norte estava em crise".

Por sua vez, Carlos Lage, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), saiu em defesa do Sá Carneiro. Ao JN, destacou que "não deve ser submetido a uma lógica comercial ou de exploração que o subordine a outros aeroportos". Neste caso, "à evolução e altos e baixos do aeroporto central". Risco que diz existir quando se privatiza um aeroporto juntamente com outros. Por isso, "a questão fundamental é manter a autonomia do aeroporto Francisco Sá Carneiro e até reforçá-la".

Considerando que este equipamento "tem todas as condições para um desenvolvimento autónomo", diz estar em causa o crescimento não apenas do Norte mas "de uma euro-região e do país". Na próxima semana, será a vez do Conselho Regional da CCDRN se pronunciar.