Pedro Antunes Pereira, in Jornal de Notícias
Osonho de Carlos Lamas, de 20 anos, era tirar o curso de Direito. Não conseguiu entrar na Universidade e ficou preocupado com o facto de "ficar em casa durante um ano, enquanto tentava melhorar as notas". As solicitações exteriores dos amigos e a preguiça que se iria instalar, afinal, não passaram de suspeitas infundadas, depois de Carlos ter descoberto o programa "Jovem Voluntário" promovido pela Câmara de Vieira do Minho.
Natural da freguesia de Cantelães, foi junto do rancho folclórico local que desenvolveu, durante oito meses, as funções remuneradas para as quais foi escolhido transformar todos os papéis da associação em registo informático. "Para mim, foi muito importante. Primeiro, porque durante aquelas horas estava ocupado; depois, porque senti o meu trabalho reconhecido e, finalmente, ganhei algum dinheiro que me foi útil quando entrei na Universidade". É que Carlos está, nesta altura, a frequentar o Curso de Línguas e Literaturas Europeias na Universidade do Minho.
O vereador da Câmara de Vieira do Minho responsável pela implementação da iniciativa, que vai já na quarta edição, revela que "o programa tem dois níveis de actuação por um lado, pretende ajudar e incentivar os mais jovens no prosseguimento dos seus estudos e, por outro, estimular as iniciativas de voluntariado jovem junto das instituições locais". Afonso Barroso refere ainda as especificidades desta iniciativa: "O apoio é concedido a estudantes que tenham concluído o 12.º ano e concorrido ao Ensino Superior sem que tenham conseguido ingressar e a estudantes, que, apesar de ainda não terem concluído o 12.º, não tenham mais do que três disciplinas em atraso".
Nesta quarta edição, foram admitidos oito jovens, mas dois já desistiram porque entraram na segunda fase de candidaturas. Os restantes estão espalhados por instituições públicas ou de solidariedade social e colectividades. O vereador alerta para o facto de os jovens que frequentam o programa serem obrigados a estudar. "Isto é um estímulo para que não abandonem a escola, evitando assim a entrada em caminhos que não são os mais aconselháveis", diz. A Autarquia pensa melhorar o regulamento, que "tem condições muito restritas" de forma a permitir a participação de um maior número de jovens.