7.1.11

Preços batem recorde e geram receios de nova crise alimentar

Por Ana Rita Faria, in Jornal Público

Numa altura em que ainda estão bem vivas as marcas da última crise alimentar, em 2008, o mundo arrisca-se a voltar a passar pelo mesmo.

Os preços dos alimentos atingiram em Dezembro máximos históricos, retomando a ameaça de uma crise alimentar e das suas consequências: medidas proteccionistas, mais pobreza e protestos nos países menos desenvolvidos.

Em Dezembro, o índice de preços da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que reúne 55 matérias-primas alimentares, bateu um recorde histórico. Foi o sexto mês consecutivo de aumento. E já fez vítimas. Em Setembro de 2010, 13 pessoas foram mortas em Moçambique durante os protestos contra um aumento de 30 por cento no preço do pão, que disparou devido à escalada dos preços do trigo.

Embora a subida dos preços alimentares ainda não tenha atingido a dimensão de 2008 - quando vários países em desenvolvimento foram sacudidos por revoltas populares, como o Egipto, os Camarões ou o Haiti -, está já a despertar a preocupação de várias nações, nomeadamente do continente asiático.

Na China e na Índia, por exemplo, a inflação já chegou aos dois dígitos. As autoridades mostram-se cada vez mais receosas de que a economia seja posta sob pressão, gerando instabilidade social num continente onde milhões de pessoas vivem na pobreza. Alguns países asiáticos já tomaram medidas para tentar travar uma nova crise alimentar, como é o caso da China, que vai destinar subsídios para compra de comida às famílias mais pobres. Já o Governo da Indonésia apelou às famílias para que plantem alimentos, contendo a inflação. Além de movimentos especulativos, a escalada dos alimentos deve-se ao crescente apetite por parte da China e da Índia e à própria subida do petróleo.