11.1.11

Rendimento das famílias recua 2,4% este ano

Por Ana Rita Faria, in Público On-line

As medidas de austeridade anunciadas pelo Governo vão fazer as famílias apertar os cintos. O Banco de Portugal prevê uma redução de 2,4 por cento do rendimento disponível real dos portugueses.

No Boletim de Inverno, hoje divulgado, o Banco de Portugal (BdP) aponta para uma quebra de 2,4 por cento no rendimento disponível real das famílias, a que seguirá um aumento de 1,4 por cento em 2012.

De acordo com o banco central, o corte salarial na função público e o aumento dos impostos (nomeadamente do IVA) vão atingir o rendimento disponível das famílias. A isso junta-se a “prevalência de condições mais restritivas de acesso ao crédito” e as dificuldades no mercado de trabalho. A quebra de rendimentos terá como contrapartida a redução do consumo privado, que vai a empurrar Portugal para uma nova recessão.

Salários em queda

Paralelamente, não será no campo dos salários que os portugueses poderão esperar boas notícias. O Banco de Portugal prevê que os rendimentos do trabalho recuem 1,4 por cento este ano e que a evolução dos salários no sector privado, “um dos principais determinantes das pressões internas sobre os preços no consumidor”, seja “condicionada pela contínua deterioração das condições no mercado de trabalho – redução de emprego em termos líquidos e aumento da taxa de desemprego para níveis historicamente altos”.

Além disso, o BdP acredita que a corte de cinco por cento na massa salarial da função pública irá pressionar as negociações de contratação colectiva no sector privado. O banco central prevê, por isso, um crescimento moderado dos custos unitários do trabalho no sector privado entre 2011 e 2012, em torno de um por cento em termos nominais, depois de uma redução de 0,3 por cento em 2010.

Nas transferências internas, que envolvem as prestações sociais (subsídios de desemprego, pensões, rendimento social de inserção, etc), o BdP espera uma quebra de 1,2 por cento este ano