in Jornal Público
O fundo de apoio à estabilidade da zona euro, decidido pelos países da eurolândia, "apesar de essencial, (...) é apenas um paliativo temporário para os pequenos países atacados", disse o prémio Nobel da Economia Joseph Stiglitz, numa entrevista publicada hoje no jornal francês Libération.
Este fundo deve prolongar para além de 2013 o actual Fundo Europeu de Estabilização do Financeira (FEEF), instituído em Maio, na sequência da crise grega e dotado de 750 mil milhões de euros, que já serviu para apoiar a Irlanda (a apoio à Grécia foi ao abrigo de uma medida específica). Mesmo assim, "permanece o perigo" para a zona euro, segundo Stiglitz.
"Continua a haver a mesma incerteza de há seis meses. Já então se sabia que a Irlanda iria sofrer uma crise violenta. Sabia-se que deveriam ser realizadas reformas indispensáveis à viabilidade da zona euro a longo prazo", acrescentou.
E, apesar de "a Espanha ter tido a sorte de entrar na crise com um excedente orçamental e um baixo peso percentual da dívida" em relação ao PIB e de a Itália, "muito endividada, ter podido limitar o seu défice orçamental", a situação "continua precária", diz o economista norte-americano.
Stiglitz argumenta que "a via da austeridade escolhida pela Europa, sob pressão dos mercados, vai atrasar a saída da crise, enfraquecer os elos mais vulneráveis da zona euro e da União Europeia".
Segundo este economista, que foi conselheiro do antigo Presidente dos EUA Bill Clinton e é conhecido pela sua visão crítica da actual globalização, "a ideologia do livre mercado, que permitiu as bolhas financeiras, ata as mãos aos políticos".
E avisa: "O euro, por falta de políticas adequadas e de instituições equilibradas, (...) pode desaparecer".