in Diário de Notícias
As vendas da pílula do dia seguinte aumentaram 21% no ano passado, um crescimento que surpreende os especialistas.
Em 2009, venderam-se mais de 263 mil unidades, segundo dados da consultora IMS Health. As estimativas da empresa mostram uma inversão na tendência de estagnação de venda da pílula do dia seguinte, que vinha a sentir-se desde 2006. Entre Dezembro de 2009 e Novembro de 2010 foram vendidas 263 mil unidades, mais 46 mil do que no período homólogo anterior. "Não encontro nenhuma explicação para este aumento", disse o presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, Luís Graça. Também o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia, José Martinez Oliveira, estranha o crescimento, arriscando uma hipótese: "Existe uma nova postura social que poderá estar associada ao facto de as pessoas já não usarem os métodos de contraceção regulares".
Vendida como uma solução de emergência para um acontecimento inesperado, algumas pessoas viram na pílula do dia seguinte um método contracetivo regular. "Há casos em que usam sempre que têm uma relação sexual", criticou José Martinez Oliveira. " Maternidade Júlio Dinis, no Porto, chegam mulheres para quem a toma desta pílula já se tornou um hábito. "Conheço casos que já a usaram dez e quinze vezes", contou Serafim Guimarães, ginecologista há 35 anos na maternidade portuense.
Colocada no mercado em 2000, a pílula do dia seguinte foi tendo um aumento gradual de utilização durante os primeiros seis anos. Em 2006, as vendas estagnaram, rondando as 220 unidades anuais. Luís Graça lamentou a falta de informação dos portugueses na área da sexologia: "As mulheres utilizam-nas nas situações mais disparatadas. Há mulheres que nem sequer têm noção do seu próprio ciclo menstrual". No entanto, todos os especialistas salientam a importância deste produto no mercado.